O nosso percurso colectivo dos últimos anos demonstra que, como Povo, somos capazes do melhor. Por isso mesmo, não podemos deixar de sentir orgulho nos portugueses que trabalham de forma dedicada para dar uma vida digna aos seus filhos, naqueles que são solidários para com os mais carenciados, naqueles que buscam a competência nas missões que recaem sobre os seus ombros e também naqueles que levam alto a nossa bandeira, seja nas artes, nos palcos, nos recintos desportivos, no mundo empresarial ou nos horizontes da inovação. Porém, não é menos verdade que também somos capazes do pior e de alimentar situações que nos diminuem, envergonham, rebaixam e em nada contribuem para a edificação de uma sociedade mais humana e mais sensível às aspirações e preocupações dos seus cidadãos.
Nesse âmbito, o que se tem vindo a passar nos corredores da governação indica que atingimos um grau de intoxicação política que não só nos afasta de todo e qualquer mecanismo normal numa democracia (como o escrutínio ou a exigência de responsabilidades para quem as tem), mas também sacrifica a o Bem Comum às mãos de gente cuja conduta e propensão para a mentira compulsiva, para o estigma ensaiado, para a falta de competência e para a negação do pensamento crítico certifica que o presente, tal como o passado recente, está nas mãos de pequenos déspotas que precisam do Estado para as suas negociatas, para os seus pequenos jogos de influência e para o seu carreirismo por conta do erário público. Em suma, uma total ausência de ética política, de bom senso e até de vergonha na cara, que nos toma por idiotas úteis numa farsa sobre o que é ser uma Democracia madura.
Mas porque o futuro não se constrói fingindo que o tempo resolverá aquilo que os líderes foram incapazes de reconhecer como decisivo, nem tentando normalizar padrões de conduta inaceitáveis, é preciso saber romper com as discussões estéreis e abraçar as opções fundamentadas. É preciso abandonar as boas intenções e investir nas estratégicas exequíveis. É preciso afastar os críticos que nivelam tudo por baixo e dar voz a quem valoriza o mérito e não troca a verticalidade do carácter pelas banalidades de pequenas ambições. Aliás, é mais do que tempo para um novo tempo – e para abraçar com genuinidade e sem calculismos a difícil tarefa de reformar a asfixiante máquina do Estado. Até porque qualquer cidadão que tem de fazer contas à vida para poder honrar os seus compromissos já se fartou do entretenimento barato em curso na mais alta governação e não vai mais tolerar aqueles que, sem noção, falam do que não sabem, roubam o que não produzem, taxam o que não ganham, criticam o que não percebem e enganam quem, com o suor do seu trabalho, sustenta a sua existência.
Porque vem aí um ciclo de três actos eleitorais, que terá o seu início no duro teste que o partido enfrenta nas eleições legislativas na Madeira, é importante que nos lembremos que, depois de quatro anos em que o CHEGA andou (e bem) a defender a mudança do sistema político e o combate acérrimo à corrupção e às redes de interesse, construindo uma imagem de reformismo humanista, os portugueses não nos perdoarão se falharmos nos objectivos, se formos subservientes aos poderes instalados ou se não soubermos assumir, de forma muito clara, uma postura contrária aos malabarismos e às incompetências que nos conduziram ao fosso em que o país está mergulhado. No sufrágio na Madeira e, depois, nas eleições europeias e nacionais, joga-se o futuro de Portugal e a recuperação da nossa Democracia. Cabe a nós trabalhar de forma humilde para não deixar estas oportunidades escapar por entre os dedos, trazendo a todo o país, desde a parcela continental às autonomias, um orgulhoso recomeço, pautado pela seriedade, pela integridade e pela certeza num país melhor.