O antigo ministro Mira Amaral classificou esta segunda-feira o atual primeiro-ministro e o PS como “luso-comunistas”, sem visão social-democrata, e apelou ao PSD para que lute para impedir a perpetuação destes socialistas no poder.
Mira Amaral, que foi ministro do Trabalho, da Indústria e Energia nos governos do PSD liderados por Cavaco Silva, foi um dos convidados das jornadas parlamentares do PSD, que decorrem na Assembleia da República até terça-feira. “Na minha opinião, este primeiro-ministro e este PS não são sociais-democratas (…) Este primeiro-ministro e este PS são luso-comunistas”, apontou, lamentando que o PSD, que é “muitas vezes chagado por estes senhores por estar encostado ao CHEGA”, não insista mais nesta crítica.
O antigo ministro explicou que este seu conceito seria uma mistura entre o “eurocomunismo italiano” e o “socialismo bolivariano à venezuelana”, em que os partidos “tomam o poder por eleições, mas tentam perpetuar-se no poder através do controlo da administração pública, da justiça, das Forças Armadas ou da comunicação social”.
Mira Amaral considerou até que o atual primeiro-ministro, António Costa, e o ex-ministro Pedro Nuno Santos – apontado como um dos seus potenciais sucessores –, apenas com algumas diferenças. “O primeiro-ministro é muito mais pragmático e percebe a importância dos fundos europeus no país. Ambos gostam muito do PCP, o Pedro Nuno Santos tem paciência para aturar o Bloco de Esquerda e o primeiro-ministro não”, disse.
Nesta visão, considerou, “o Estado e o Orçamento do Estado são centrais para a economia”, e qualquer problema é resolvido com “mais um subsídio ou mais um apoio”, e “as empresas são apenas toleradas”. Mira Amaral considerou que a proposta do Governo de Orçamento do Estado para o próximo ano é coerente com esta visão, apresentando “uma despesa pública muito elevada e impostos muito elevados”, embora elogiando as reduções previstas no défice e na dívida.
“É um Orçamento muito habilidoso, agrada a pensionistas, funcionários públicos e classe média”, disse. Para Mira Amaral, a segunda forma de ter um orçamento equilibrado, que “devia ser a do PSD, naturalmente, era ter a despesa pública mais baixa e a carga fiscal mais baixa”. No final da sua intervenção, o antigo ministro de Cavaco Silva deixou um diagnóstico e um pedido ao PSD.
“Não vamos sair desta estagnação. Ponham mais duas ou três bazucas em cima e não resolvemos o problema, o problema português não é financeiro, é um problema de vontade política de fazer as transformações estruturais que é preciso fazer”,considerou.
Para Mira Amaral, mesmo quando não são do PSD, as pessoas “veem no PSD a única alternativa credível e concreta” e perguntam “o que é o que PSD pensa” sobre os vários assuntos. “Meus caros amigos, vocês têm uma responsabilidade muito grande, tentar evitar a mexicanização do regime e tentar dar uma volta a isto”, disse, embora antecipando que, chegando ao Governo, os sociais-democratas “terão uma vida muito complicada” com o aparelho do Estado.