Mais de 180 mil afegãos regressaram ao país natal, disse à EFE uma fonte do Ministério do Interior do Paquistão que pediu anonimato, já que Islamabad deu menos de um mês para que os estrangeiros em situação irregular saíssem do país, período que terminou na quarta-feira.
“A situação na fronteira melhorou ao longo do tempo, à medida que as autoridades simplificaram o sistema de gestão e agora chegam menos refugiados afegãos”, disse à EFE Abdul Nasir, vice-comissário do distrito de Khybe.
No entanto, agências humanitárias denunciaram hoje que os afegãos que fogem do Paquistão para evitar a prisão e a deportação dormem ao ar livre, sem abrigo adequado, comida e água potável depois de cruzarem a fronteira para a terra natal.
Centenas de milhares de afegãos deixaram o Paquistão nas últimas semanas, enquanto as autoridades perseguem estrangeiros que dizem estar ilegalmente no país, batendo de porta em porta para verificar a documentação dos migrantes, de acordo com a AP.
Os afegãos deixam o Paquistão a partir de duas principais passagens de fronteira, Torkham e Chaman.
Os talibãs montaram campos do outro lado para as pessoas permanecerem enquanto esperam para serem transferidas para o local de origem no Afeganistão.
O embaixador afegão, Sardar Ahmad Shakib, disse à imprensa, citado pela EFE, que a situação na fronteira é “melhor do que nos dias anteriores”.
Durante uma viagem ao ponto fronteiriço, Shakib lamentou a decisão unilateral do governo paquistanês de expulsar migrantes irregulares, uma medida que Islamabad diz afetar cerca de 1,7 milhões de afegãos nesta situação.
“Pedimos ao Paquistão que se os afegãos tiverem de sair daqui, então devemos sentar-nos à mesa e encontrar uma solução”, disse, denunciando a medida repentina e o impacto causado em dezenas de milhares de pessoas que viviam no país há décadas.
O Papa Francisco lamentou hoje, no Vaticano, a situação dos “refugiados afegãos que encontraram refúgio no Paquistão, mas agora não sabem mais para onde ir”.
O Paquistão, que tal como outros países do Sul da Ásia não é signatário da Convenção das Nações Unidas sobre Refugiados de 1951, reconhece oficialmente a presença de 1,4 milhões de refugiados afegãos.