Certamente todos nós conhecemos o fenómeno da litoralização que tem vindo a assolar o nosso país, no qual consiste na fixação da população na zona litoral em detrimento das zonas rurais e das regiões interiores do nosso querido Portugal.
E, como tal, não podemos permitir que exista um país dividido, onde se verifique uma área com excesso populacional e outra com uma quebra demográfica.
Estamos perante uma realidade antagónica e, portanto, necessitamos de reverter tal situação.
Os Jovens perante a escassez de oferta que as regiões rurais apresentam tentam desmarcar-se das mesmas refugiando-se em centros populacionais, em cidades como o Porto, Lisboa, Braga, entre outras. Sendo que, por vezes, devido ao elevado custo de vida que se tem vindo a verificar ao longo dos anos, entre muitos fatores, os jovens não percecionam qualquer outra solução que não seja emigrar para outro país.
Por outro lado, devemos destacar a importância dos jovens. No fundo estes são o “futuro da nação”, são eles “os Portugueses do amanhã”, portanto, deveremos ter em conta que as empresas devem ir ao seu encontro, isto porque, estando os jovens em zonas litorais, o tecido empresarial, nunca se irá fixar em zonas onde exista escassez de jovens, ou onde a mão de obra qualificada é diminuta, provocando o desinteresse e a diminuição do investimento nestas mesmas zonas.
Para além disso, as regiões do interior têm vindo a enfrentar desafios quanto às questões de infraestruturas, com transportes rudimentares, falta de acesso a serviços de saúde e educação de qualidade, o que contribui para a sensação de isolamento e falta de oportunidades.
Acresce que, é clara a mobilidade restrita que existe nestas regiões, a falta de opções de transporte público eficiente e acessível é um problema significativo no interior de Portugal. A reduzida oferta de transporte coletivo torna as deslocações difíceis para muitos residentes, especialmente, que não têm acesso a um veículo pessoal.
É visível a total dependência do país no setor rodoviário, não existindo qualquer investimento noutros setores para promover a coesão territorial, como, por exemplo, o transporte ferroviário, o qual poderia ser um meio de transporte que conseguiria dirimir muito do tráfego existente e que permitiria deslocações mais flexíveis.
A IC8 (Leiria e Castelo Branco) e a IP3 (Coimbra, Viseu e Guarda) são exemplos de estradas que têm um volume de tráfego, de certa forma elevado, e que apresentam deficientes condições para serem utilizadas, sendo consideradas estradas perigosas devido às entradas curtas e de pouca visibilidade em dias de grande nebulosidade.
Quanto às telecomunicações devemos compreender que as mesmas são limitadas na conexão com o interior, sendo um grande obstáculo. Nestas áreas é escassa a cobertura de redes de alta velocidade, como fibra ótica, o que provoca um acesso limitado à internet de qualidade. Tanto para questões profissionais, como para questões de auxílio são áreas que se encontram isoladas, sem comunicações. Vejamos o caso de Pedrógão
Grande no incêndio que deflagrou no ano de 2017, altura em que ficou patente a falha de comunicações do SIRESP, por isso, devemos fazer uma boa reflexão e não só dizer que o interior está a ficar desertificado.
Após termos feito o diagnóstico da saúde do interior, não podemos deixá-lo morrer, mas sim descobrir uma cura e essa cura, apesar de não ser possível administrar num curto espaço de tempo, temos de ter uma visão a longo prazo, e começar, imediatamente, por algum “lado”.
Investir em infraestruturas, garantir acesso à internet de qualidade e melhorar a mobilidade, não são medidas apenas para revitalizar as áreas rurais, mas igualmente, para promover a coesão social, a dita regionalização, permitindo que estas comunidades prosperem e contribuam de forma mais significativa para o panorama nacional, reforçando a importância crucial do mundo rural para o país como um todo.
Portugal não é pequeno, simplesmente é mal gerido!