“Não há acordo à direita sem apoio ao fim das portagens”

O presidente do CHEGA, André Ventura, disse hoje que não haverá qualquer acordo pós-eleitoral à direita se o PSD não for a favor da eliminação de portagens no interior e do suplemento único das forças de segurança.

© Folha Nacional

“Se o PSD acha que não é importante acabar com as portagens e que não é importante equiparar o suplemento dos polícias da PJ às forças de segurança, há uma coisa que eu vos digo: não haverá nenhum acordo à direita”, afirmou, referindo estarem em causa “questões fundamentais” e não medidas pontuais.

Segundo André Ventura, que falava aos jornalistas em Ponta Delgada, à margem de uma ação de campanha para as legislativas regionais dos Açores, o líder social-democrata, Luís Montenegro, pode pensar que está a fazer um grande ataque ao PS, mas está, antes, “a contribuir para que a direita fique ainda mais descredibilizada”.

Trata-se, acrescentou, de “puro amadorismo político, de pura insensibilidade social”, que levam muitos eleitores a optar pelo PS.

No sábado, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, prometeu, no Porto, eliminar todas as portagens nas antigas autoestradas sem custos para o utilizador (SCUT) no interior do país e no Algarve.

Já no domingo, Luís Montenegro criticou a proposta do secretário-geral socialista e candidato às legislativas nacionais de 10 de março, ironizando: “De repente é possível dar tudo a todos”.

“A parte do exagero chega quando alguém tem a desfaçatez de vir anunciar, propor, o fim de pagamento de taxas de portagens quando tinha a responsabilidade de executar uma decisão tomada no parlamento por iniciativa do PSD, que não era de eliminação no pagamento, era de redução do pagamento, e nem essa foi capaz de implementar. É caso para dizer que há petróleo no largo do Rato [sede do PS]”, acusou.

O social-democrata afirmou ainda o seu “respeito pelas reivindicações” dos vários profissionais, entre eles da educação, da saúde, dos serviços judiciais e dos polícias, sem querer fazer promessas.

“Já me disponibilizei para nos sentarmos com esses representantes e podermos analisar a sua situação laboral, a sua situação retributiva, mas quero dizer que, se aquilo que procuram é um primeiro-ministro que vai responder sim a todas as reivindicações, agora que está a cinco ou seis semanas das eleições, se é esse primeiro-ministro que procuram, eu não sou esse primeiro-ministro”, assumiu.

No caso das portagens do interior e do Algarve, sublinhou Ventura, o CHEGA propôs a eliminação e fez questão de incluí-la no programa eleitoral. O partido pensava que esta era “uma convergência à direita fundamental”, por ser uma questão de coesão.

O líder do CHEGA espera que o presidente do PSD esclareça com urgência a sua posição e o que quis dizer quando afirmou, segundo André Ventura, que não se comprometia com o fim das portagens e com a equiparação dos suplementos da PSP, da GNR e dos guardas prisionais ao da PJ, lembrando que o próprio Presidente da República defendeu esta medida.

“Então e o líder do PSD vem dizer que não se revê nisto e que não se compromete com isto? […] Não haverá nenhuma convergência à direita se Luís Montenegro não explicar isto e se não explicar que este é um desígnio de todos os partidos nestas eleições”, afirmou.

André Ventura deixou ainda críticas de “pura hipocrisia” aos socialistas, por o PS ter votado contra a proposta do CHEGA para acabar com as portagens no interior e no Algarve na discussão do Orçamento do Estado, e por não ter aplicado a medida enquanto esteve no Governo.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, comunicou às chefias da GNR e da PSP e a uma plataforma de dirigentes associativos e sindicais que defende para estas forças um regime compensatório equiparado ao da PJ.

Últimas de Política Nacional

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vetou hoje os decretos da lei da nacionalidade, na sequência das inconstitucionalidades decretadas pelo Tribunal Constitucional, devolvendo-os à Assembleia da República.
O candidato presidencial Luís Marques Mendes divulgou hoje uma lista com os 22 clientes da sua empresa, na qual se encontram prestações de serviços em consultoria, comentários e participações em conferências, e que inclui a construtora de Famalicão Alberto Couto Alves.
A Autoridade Tributária classificou como “antiga” uma moradia reconstruída em 2024 pertencente ao ministro da Presidência, António Leitão Amaro, permitindo-lhe pagar menos de metade do IMI devido.
Luís Marques Mendes encerrou a sua empresa familiar e mantém silêncio sobre clientes, contactos e serviços que lhe renderam centenas de milhares de euros.
Foi distinguido oficialmente pelo Estado, elogiado em Diário da República pela ex-ministra da Justiça e apresentado como um quadro exemplar da governação. Meses depois, Paulo Abreu dos Santos está em prisão preventiva, suspeito de centenas de crimes de pornografia de menores e de abusos sexuais contra crianças.
O presidente da Assembleia da República decidiu hoje não remeter ao Ministério Público o caso da adulteração da assinatura da deputada socialista Eva Cruzeiro, considerando não atingir o patamar de crime, embora se trate de ato censurável.
André Ventura defende hoje em tribunal que os cartazes que visam os ciganos são uma mensagem política legítima cujas exceções ou retirada representaria um “precedente gravíssimo” e que os autores da ação pretendem um “julgamento político” da sua atividade.
O candidato presidencial André Ventura afirmou que Luís Marques Mendes está “condicionado”, considerando que as verbas recebidas pelos concorrentes a Belém como consultores não são uma questão menor.
A averiguação preventiva à Spinumviva, empresa da família do primeiro-ministro Luís Montenegro, foi arquivada na terça-feira, anunciou hoje a Procuradoria-Geral da República (PGR).
A Polícia Judiciária entrou esta terça-feira na Câmara de Mirandela e em empresas privadas para investigar alegadas ilegalidades em contratos urbanísticos. O processo envolve crimes de prevaricação e participação económica em negócio, com seis arguidos já constituídos.