13 Maio, 2024

CHEGA diz que “não há governo para ninguém” com CDS e PPM nos Açores

O presidente do CHEGA/Açores afirmou-se no domingo disponível para conversar com os sociais-democratas a partir de segunda-feira, mas sublinhou que "não há governo para ninguém" com o CDS e o PPM, que integram a coligação vencedora das legislativas regionais.

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“Numa sala em que estejam Artur Lima e Paulo Estêvão, José Pacheco não entra. Sabem como é que se diz aqui em São Miguel? Desengatem-se. Ou então liguem para [o Presidente da República] Marcelo Rebelo de Sousa e marque novamente eleições”, afirmou José Pacheco, referindo-se aos líderes regionais do CDS-PP, Artur Lima, e do PPM, Paulo Estêvão, respetivamente.

Segundo o dirigente – um dos cinco deputados regionais obtidos pelo CHEGA nas eleições de domingo, que a coligação PSD/CDS-PP/PPM ganhou sem maioria absoluta -, uma governação tem de ser levada com seriedade e os dois líderes partidários “não são sérios”.

“Não há governo para ninguém com aqueles dois senhores. Em política, andar às cavalitas dos outros é a coisa mais feia que existe […]. Há aqui um erro muito grave do PSD de dar boleia”, afirmou, já em resposta a perguntas da comunicação social.

Repetindo que só conversará com o PSD, como tinha já dito na campanha, embora sem afastar de forma declarada a presença dos outros partidos no executivo, José Pacheco rejeitou a possibilidade de entendimentos de incidência parlamentar e disse, numa alusão à coligação, que “o problema dos outros sócios é um problema do PSD”.

“Foram eles que compraram essa sociedade, nós não temos acordos com mais ninguém. Estamos disponíveis para negociar com o PSD, não estamos disponíveis para negociar com os outros dois partidos, que não representam ninguém”, declarou.

Em 2020, quando o PS venceu as regionais mas perdeu a maioria absoluta, PSD, CDS-PP e PPM conseguiram constituir uma solução alternativa e formar governo, apoiados por entendimentos parlamentares da coligação com o CHEGA (dois deputados) e dos sociais-democratas com a IL (um deputado).

Em 2023, já reduzido a um deputado, José Pacheco (o outro tornou-se independente), o partido absteve-se na votação do Plano e Orçamento para 2024, que acabou chumbado, e alegou o incumprimento dos compromissos assumidos.

Uma vez que a coligação ficou agora a três deputados da maioria absoluta (para isso são necessários 29 dos 57 assentos do hemiciclo) e o CHEGA conseguiu os cinco que lhe permitiriam ultrapassar essa linha, José Pacheco considerou haver motivo para existirem negociações.

A crise na habitação, a pobreza dos idosos e “a falta de oportunidade dos mais jovens” estão entre os problemas que o partido quer ver em cima da mesa e foram já definidos objetivos como uma maior redistribuição da riqueza, auditorias a várias autarquias e instituições, o combate à corrupção e à fraude, a redução dos impostos e o fim do Rendimento Social de Inserção (RSI).

José Pacheco falava antes das declarações do líder regional do PSD, José Manuel Bolieiro. O atual presidente do Governo dos Açores e cabeça de lista por São Miguel disse que irá governar com “uma maioria relativa”, salientando que “uma vitória nunca é uma minoria”.

Num ambiente de festa, Pacheco lembrou o trabalho feito na assembleia, fez muitas críticas ao estado do arquipélago e sublinhou que “o CHEGA faz falta à governação dos Açores”, avisando não valer a pena falar com o partido com ideias contrárias ao seu manifesto eleitoral.

“Este é o início da conversa, preparem-se para o que vem aí. Habituem-se”, referiu.

O dirigente disse ser altura para celebrar e que qualquer cenário de alianças tem de ser ponderado com tempo e calma, a partir de segunda-feira, porque “os parolos é que fazem isso na noite eleitoral”.

A direita parlamentar conquistou a maioria dos deputados da Assembleia Legislativa dos Açores nas eleições de domingo, com a coligação PSD/CDS-PP/PPM, o CHEGA e a IL a ocupar 31 dos 57 lugares do parlamento.

A coligação PSD/CDS-PP/PPM garantiu 26 deputados, o CHEGA cinco e a IL um parlamentar, ou seja, mais dois assentos do que os 29 necessários para assegurar uma maioria absoluta.

Agência Lusa

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