Apesar de a realização da Jornada Mundial da Juventude ter culminado com a vinda do Papa Francisco a Portugal, em agosto do ano passado, a equipa nomeada pelo Governo para coordenar os trabalhos continua a ser paga pelo erário público e assim continuará até ao final deste ano.
O grupo de trabalho liderado pelo ex-vereador da Câmara Municipal de Lisboa, do Bloco de Esquerda, está a auferir cerca de 35 mil euros por mês, um valor que apenas deixará de ser pago no final de 2024 – 16 meses depois do fim da Jornada Mundial da Juventude.
Feitas as contas, esta equipa custará aos contribuintes mais de 1,3 milhões de euros, o que já levou o Presidente do CHEGA a pronunciar-se sobre a polémica.
Em declarações ao Folha Nacional, André Ventura disse ser “incompreensível” a razão pela qual a equipa de nove pessoas, liderada por José Sá Fernandes, se mantém em funções até “quase um ano e meio após a realização da Jornada Mundial da Juventude”.
“Como se não bastasse o balúrdio que foi o altar palco, os ajustes diretos que ainda hoje não sabemos a quem foram atribuídos e as derrapagens orçamentais, sabemos agora que uma equipa, cujo trabalho terminou em agosto do ano passado, está a receber 35 mil euros por mês até ao final deste ano”, disse o Presidente do CHEGA.
Para André Ventura, este episódio “mostra bem como se vive em Portugal, sempre a usar o dinheiro dos contribuintes para dar mais uns euros aos amigos”.
“A verdade é que o grande problema de Portugal não é a falta de dinheiro, é a forma como ele é gerido e este episódio é bem elucidativo da forma como os governos do PS e PSD tendem sempre a desfalcar o Estado em prol dos boys do sistema”, apontou Ventura.
A polémica estalou nos últimos dias quando se tornou conhecido o relatório do Tribunal de Contas de fiscalização aos contratos celebrados a propósito da realização da Jornada Mundial da Juventude.
Conforme se lê no relatório do Tribunal de Contas, o “pagamento das remunerações dos membros do grupo de projeto criado pelo governo gerou uma despesa de 679 032 euros até 31 de maio de 2023, correspondente ao exercício de metade do respetivo mandato (19 meses), sendo expectável que venha, pelo menos, a duplicar”.
No mesmo documento, o Tribunal de Contas critica a ausência de planeamento financeiro do evento e, consequentemente, a forma como o dinheiro dos contribuintes foi gasto na Jornada Mundial da Juventude.
O documento alerta para o elevado e excessivo número de contratos realizados por ajuste direto – mais de metade do total dos contratos celebrados com vista à celebração do evento religioso.
A este propósito, Filipe Anacoreta Correia (CDS), vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, disse, em declarações à Antena 1, que efetivamente existiu um excessivo recurso a contratos por ajuste direto, mas atirou as culpas para o antigo executivo, de Fernando Medina, quem acusou de ter deixado o processo de organização do evento atrasar-se, o que, na sua ótica, levou à necessidade de se recorrer a um maior número de contratos por ajuste direto.