Aliança comemora 75 anos perante “o maior teste numa geração”

A NATO celebra na quinta-feira 75 anos, perante o que organismos da Aliança Atlântica definem como "maior teste numa geração", em ano de eleições decisivas nos Estados Unidos e de arrastamento da guerra movida pela Rússia na Ucrânia.

Uma das consequências da invasão russa da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, foi o reforço da união dos países da NATO, bem como o alargamento das suas fronteiras, com a chegada ao grupo de dois novos países, a Finlândia e a Suécia, e a solicitação de novas entradas.Uma das incógnitas da cimeira da NATO que se realizará no próximo mês de julho em Washington é saber se o evento – que incluirá a celebração dos 75 anos da mais bem-sucedida aliança militar do último século — poderá ser o palco do anúncio do convite formal para a adesão da Ucrânia, apesar das reiteradas ameaças de retaliação por parte da Rússia, se tal acontecer.

Assinado em 04 de abril de 1949, o Tratado do Atlântico Norte apresentou-se como um acordo de sistema de defesa coletiva, em que os 12 estados-membros fundadores (onde se incluía Portugal) se comprometeram com a defesa mútua em resposta a ataques externos.

Com a chegada à Aliança da Suécia, em 07 de março deste ano, o grupo passou a integrar 32 países efetivos, para além de 21 países que participam no movimento de Parceria para a Paz da organização e 15 outros envolvidos em programas de cooperação.

O gasto militar de todos os membros da organização ultrapassa mais de 70% do total de despesa militar global, apesar de alguns países não cumprirem a regra de investir pelo menos 2% do seu Produto Interno Bruto no setor de defesa.

Esta tem sido, aliás, uma das matérias polémicas dentro da Aliança, sobretudo depois de Donald Trump ter chegado à presidência dos Estados Unidos, em 2017, desafiando os estados-membros a cumprir as metas de investimento em defesa inscritos no acordo transatlântico, e queixando-se de que o seu país ficava com a mais pesada fatura da organização.

O tema voltou este ano ganhar visibilidade quando o agora recandidato ao lugar na Casa Branca nas eleições de novembro ameaçou que os Estados Unidos deixariam de proteger os países que não cumprissem os termos do acordo.

Esta ameaça surge no momento crítico em que a Europa teme o risco iminente de uma ofensiva russa no continente, com o recentemente eleito primeiro-ministro da Polónia, Donald Tusk, a dizer que “a guerra deixou de ser um conceito do passado”, mas que antes “é real e começou há dois anos”, referindo-se à invasão da Ucrânia.

Contudo, no ano em que a NATO comemora os 75 anos, a Rússia deixou de ser a única potencial ameaça, como foi a União Soviética durante a era da Guerra Fria, e desde a cimeira de Londres de 2019 (e do documento que a formatou, o relatório estratégico dos EUA de 2017) que a China passou a ser vista como um “concorrente estratégico de longo termo”.

O projeto estratégico NATO 2030 — um documento informal que foi apresentado em 2019, que continua em discussão, e que voltará a ser abordado na cimeira de Washington – associa a necessidade de a organização enfrentar o desafio da China a nível global, propondo o reforço da cooperação com parceiros no Indo-Pacífico, nomeadamente a Austrália, o Japão, a Coreia do Sul e a Nova Zelândia.

O documento defende mesmo “o início de discussões internas sobre uma possível parceria futura com a Índia”, destacando a questão da expansão da NATO como um dos temas mais prementes para a organização, quando esta assinala o fim do seu terceiro quarto de século.

Com a incerteza sobre o desfecho das eleições nos EUA — que opõem o democrata Joe Biden ao republicano Donald Trump e também duas visões substancialmente diferentes sobre a cooperação transatlântica – os europeus olham para a cimeira de julho em Washington como um momento decisivo para encontrar formas de assegurar o grau de solidez da Aliança perante as inúmeras ameaças internas e externas.

Contudo, e apesar das incertezas e das ameaças, a NATO tem aproveitado o momento conturbado para afirmar os seus valores de 1949, incluindo a defesa da democracia, da liberdade individual e do Estado de Direito.

Na sua declaração de preparação para as comemorações dos 75 anos da Aliança Atlântica, a Assembleia Parlamentar da NATO referiu o compromisso do artigo 5 do Tratado – que estipula a obrigação de defesa mútua em caso de ataque externo – lembrando que tem “ajudado a prevenir um ataque contra os aliados”.

“Quando os Aliados enfrentam uma nova era de competição estratégica e o seu maior teste numa geração, a NATO é e continua a ser a pedra angular e o garante indispensável da segurança da Europa e da América do Norte”, conclui essa declaração dos parlamentares da organização.

Últimas do Mundo

Cerca de 120 mil pessoas permanecem abrigadas em centros de evacuação ou com familiares em Cuba, após a passagem do furacão Melissa pela costa leste da ilha, na quarta-feira passada, segundo dados preliminares.
Um britânico de 32 anos foi esta segunda-feira, 3 de novembro, acusado por tentativa de homicídio durante um ataque num comboio no sábado que resultou em 11 feridos, um dos quais continua em estado grave, anunciou a polícia.
A rede social LinkedIn começou esta segunda-feira a usar dados dos utilizadores para treinar o seu modelo de inteligência artificial (IA), mas existem medidas para impedir essa recolha, incluindo um formulário e a desativação nas definições de privacidade da plataforma.
O presidente do governo da região espanhola de Valência, Carlos Mazón, demitiu-se hoje do cargo, reconhecendo erros na gestão das cheias que mataram 229 pessoas em 29 de outubro de 2024.
Os países da OCDE, como Portugal, receberam, nos últimos 25 anos, mais de metade de todos os migrantes internacionais do mundo, avança um relatório hoje divulgado.
Um em cada cinco médicos e enfermeiros a trabalhar nos sistemas de saúde dos 38 países-membros da OCDE, como Portugal, é migrante, avança um relatório hoje divulgado pela organização.
Uma em cada três empresas alemãs prevê cortar postos de trabalho em 2026, segundo a sondagem de expetativas de outono apresentada hoje pelo Instituto da Economia, próximo do patronato germânico.
Mais de 50 pessoas morreram devido à passagem do furacão Melissa na região das Caraíbas, principalmente no Haiti e na Jamaica, onde as equipas de resgate esforçam-se por chegar às áreas mais afetadas e isoladas.
O elevado custo de vida e a segurança estão no topo das preocupações de vários jovens portugueses a viver em Nova Iorque, que não poderão votar na eleição para 'mayor', mas que serão afetados pela decisão dos eleitores.
Mais de 527 mil estrangeiros em situação irregular foram expulsos dos EUA desde o início do segundo mandato de Trump, incluindo criminosos perigosos. Entre eles, Bou Khathavong, responsável pelo homicídio de um adolescente em 1994, foi finalmente enviado para o Laos.