O primeiro ministro indigitado já tomou posse ,numa cerimónia marcada pelo cinzentismo de outrora onde não faltaram os mesmos de sempre a aplaudir internamente as reformas que dificilmente vão acontecer.
PSD e PS são farinha do mesmo saco e por muito boas intenções que o novo primeiro ministro tenha em realizar aquilo que prometeu, sem ter o beneplácito do seu irmão gémeo de governação , as coisas vão -se manter numa normalidade anormal.
A pujança até pode estar lá , assim como a motivação, mas o que se retira do discurso da tomada de posse , é um conjunto de pouco salpicado com molho de coisa nenhuma.
Aliás, arrisco a dizer que não foi bem uma tomada de posse e sim uma tomada de pulso pois a voz grossa evidenciada pelo fraco líder do PSD, serviu apenas para confirmar com quem pretende governar o País : com os socialistas, pois claro.
Ainda assim e não obstante a positividade do discurso falado, foi interessante perceber que no meio daquelas reformas “estruturais”, houve uma frase que roçou a piada : capacidade de diálogo; a tal que nunca tiveram nem quiseram ter com o CHEGA e que ficou implícito que vão querer ter apenas para durarem os quatro anos da legislatura, colocando os interesses do País para segundo plano.
Concluindo: o discurso da tomada de posse do novo governo, foi uma mão cheia de promessas futuristas e não para o futuro; foi positivo em termos do otimismo implícito e da ambição desmedida mas longe da realidade existente; foi um reforçar de convite ao PS para aplicar políticas que visam delapidar o erário público; mas acima de tudo, foi um discurso construtivo sem realçar as pontes de diálogo á direita para que essa construção se verifique.
Montenegro tem um caminho difícil pela frente mas não é para a direita que tem de olhar quando se queixar que não o deixam governar; é para a sua esquerda onde vai ter as tão mencionadas forças de bloqueio ansiosas por lhe tirarem o tapete.
Quando isso acontecer, não conte com o CHEGA para o puxar para cima pois tudo o que fez até aqui, foi puxar a terceira força política para baixo; a única que sempre esteve disponível para lhe dar a mão.