A denúncia foi feita na quinta-feira nas redes sociais por Carlos Daniel Zapata, do partido Primeiro Justiça, que anexou á publicação uma cópia do autocolante da notificação colocada pelas autoridades na porta do hotel, dando conta do encerramento entre 16 de maio e 05 de junho de 2024.
“Denunciamos o encerramento do Hotel El Recreo para impedir Edmundo González e Maria Corina de se hospedarem em La Victoria [Arágua; a 90 quilómetros a oeste de Caracas]”, escreveu Carlos Daniel Zapata na rede social X, antigo Twitter.
“Vão faltar papéis desses para encerrar as casas de todos os victorianos [cidadãos de La Victoria] que vão receber o próximo Presidente da República”, disse o político referindo-se aos autocolantes.
Por outro lado, o jornal Tal&Cual, crítico do regime, escreveu na edição ‘online’ que “o Serviço Nacional Integrado de Administração Alfandegária e Tributária (Seniat) voltou a aplicar multas e encerrar outro hotel nas regiões [fora de Caracas] por prestar serviços à oposição”.
Ainda de acordo com o jornal, Maria Corina Machado, o candidato da Plataforma Unitária Democrática (PUD) Edmundo González Urrutia, e outros dirigentes opositores pretendiam hospedar-se nesse hotel, a partir do sábado, 18 de maio, para realizar um comício político no estado de Arágua.
Lê-se ainda no Tal&Cual que, em 02 de maio, o Seniat multou e ordenou o encerramento durante 22 dias do Hotel Urumaco, em Falcón (445 quilómetros a oeste de Caracas), depois de hospedar Maria Corina Machado.
“Machado dormiu no lugar durante a noite de 01 de maio e apenas um dia depois, a instância tributária realizou uma inspeção surpresa, pedindo livros e detalhes administrativos. Encontraram um mínimo incumprimento e em vez de abrir a possibilidade para o remediar, aproveitavam para aplicar o castigo. O hotel foi multado por 600 dólares (552,66 euros)”, de acordo com o jornal.
Ainda segundo o Tal&Cual “não é a primeira vez” que as autoridades multam e encerram hotéis que acolhem a oposição venezuelana.
“Ainda nos lembramos de quando o Hotel Paseo Las Mercedes, em Caracas, foi encerrado por ter alojado deputados da oposição em 2020”, acrescentou-se.
Maria Corina Machado tem denunciado que não pode apanhar aviões dentro da Venezuela e que os restaurantes onde tem estado durante ações de campanha no interior do país têm sido multados e encerrados pelas autoridades.
As próximas eleições presidenciais estão marcadas para 28 de julho, sendo esperada a reeleição de Nicolás Maduro, 61 anos, para um terceiro mandato de seis anos.
Os principais candidatos da oposição foram desqualificados para participar na votação e, alguns deles, já desde eleições anteriores.
Em junho de 2023, as autoridades venezuelanas desqualificaram Maria Corina Machado, líder opositora e vencedora das primárias da oposição, que se viu impossibilitada de inscrever Corina Yoris como substituta.
O diplomata Edmundo González Urrutia é o candidato apoiado por Machado e pela principal aliança opositora Plataforma Unitária Democrática.
São ainda candidatos o pastor evangélico Javier Bertucci, do partido Esperança pelo Câmbio, o administrador José Brito, do Primeiro Justiça, o político Daniel Ceballos, do Arepa Digital, e os advogados António Ecarri, do Aliança do Lápis, e Benjamín Rausseo, da Confederação Nacional Democrática.
Na corrida estão também Cláudio Fermin, do Soluções para a Venezuela, Enrique Márques, de Contrados na Gente, e Lusi Eduardo Martínez, do Ação Democrática.