Ex-presidente da linha dura Ahmadinejad regista-se como candidato presidencial

O antigo presidente Mahmoud Ahmadinejad, da linha dura do Irão, inscreveu-se hoje como possível candidato às eleições presidenciais, convocadas devido à morte do chefe de Estado, Ebrahim Raisi, num acidente de helicóptero em maio.

© D.R.

 

Ahmadinejad, 67 anos, deslocou-se ao Ministério do Interior para registar a candidatura, com apoiantes no exterior a entoar cânticos e a agitar bandeiras iranianas, segundo a agência norte-americana AP.

Ao descer as escadas do ministério, mostrou o passaporte a dezenas de fotógrafos e jornalistas de vídeo presentes para o processo de registo.

Está prevista para 28 de junho uma eleição para substituir o Presidente Ebrahim Raisi, protegido de Khamenei na linha dura, que morreu num acidente de helicóptero em 19 de maio, juntamente com outras sete pessoas.

O registo do antigo presidente populista exerce pressão sobre o líder supremo, o ‘ayatollah’ Ali Khamenei, 85 anos, que Ahmadinejad desafiou quando exerceu o cargo, tendo a sua tentativa de se candidatar em 2021 sido impedida pelas autoridades.

O regresso do político incendiário, que questiona o Holocausto, ocorre numa altura em que aumentam as tensões com o Ocidente devido ao avanço do programa nuclear iraniano, ao fornecimento de armas à Rússia e à repressão interna.

Ahmadinejad cumpriu anteriormente dois mandatos de quatro anos, de 2005 a 2013.

Ao abrigo da lei iraniana, tornou-se elegível para se candidatar novamente após quatro anos fora do cargo, mas continua a ser uma figura polarizadora, mesmo entre os dirigentes da linha dura.

A disputada reeleição em 2009 deu origem a enormes protestos do “Movimento Verde” e a uma repressão generalizada que resultou na detenção de milhares de pessoas e na morte de dezenas.

No estrangeiro, tornou-se uma caricatura das perceções ocidentais do pior atributo da República Islâmica, questionando o Holocausto, insistindo que o Irão não tinha cidadãos homossexuais e insinuando que o país poderia construir uma arma nuclear se assim o desejasse.

Ahmadinejad continua a ser popular entre os pobres devido aos seus esforços populistas e programas de construção de casas.

Desde que deixou o cargo, elevou a visibilidade nas redes sociais e escreveu cartas amplamente divulgadas aos líderes mundiais.

Também criticou a corrupção do governo, embora a administração que liderou tenha enfrentado acusações de corrupção, levando mesmo à detenção de dois ex-vice-presidentes.

As candidaturas têm de ser aprovadas pelo Conselho dos Guardiões de 12 membros, um painel de clérigos e juristas supervisionado por Khamenei.

Este painel nunca aceitou uma mulher ou alguém que apelasse a uma mudança radical na governação do país.

O painel poderá voltar a rejeitar Ahmadinejad, embora ainda não haja um candidato com o apoio claro e decisivo de Khamenei na corrida para a substituição de Raisi.

A lista dos que já se registaram inclui o antigo presidente do parlamento Ali Larijani, um conservador moderado, e o antigo chefe do Banco Central Abdolnasser Hemmati , que também se candidatou em 2021.

O período de inscrição de cinco dias termina na terça-feira, e espera-se que o Conselho dos Guardiães publique a lista final de candidatos dentro de 10 dias.

Últimas de Política Internacional

O novo primeiro-ministro da Gronelândia, território autónomo dinamarquês cobiçado pelo Presidente dos Estados Unidos, inicia hoje uma visita oficial à Dinamarca, que vai centrar-se na cooperação e na "situação geopolítica".
O Papa Francisco morreu, na segunda-feira, dia 21, conforme anunciou o Vaticano.
Um partido do Governo de coligação da Nova Zelândia apresentou hoje um projeto de lei para impor uma definição biológica de homem e mulher.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, prometeu hoje "uma resposta forte" aos rebeldes iemenitas Hutis, que lançam regularmente mísseis e 'drones' contra Israel desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023.
As autoridades turcas detiveram hoje 234 pessoas suspeitas de pertencerem a redes de crime organizado, numa grande operação policial de âmbito internacional, foi hoje anunciado.
A União Europeia (UE) quer reforçar o controlo e a responsabilização do comércio internacional de armas, após os 27 terem aprovado hoje uma revisão do quadro sobre esta matéria, motivada pela entrega de armas à Ucrânia.
A Alta-Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiro defendeu hoje que é preciso a Rússia seja pressionada para aceitar as condições do cessar-fogo, recordando que a Ucrânia está a aguardar há um mês pela decisão de Moscovo.
O presidente em exercício do Equador, o milionário Daniel Noboa, foi declarado vencedor da segunda volta das eleições de domingo pela autoridade eleitoral do país, derrotando a rival de esquerda, Luisa González.
O Governo moçambicano admitiu hoje pagar três milhões de dólares (2,6 milhões de euros) à euroAtlantic, pela rescisão do contrato com a estatal Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), mas abaixo da indemnização exigida pela companhia portuguesa.
O presidente da Ucrânia pediu uma "resposta forte do mundo" ao ataque com mísseis balísticos na manhã de hoje contra a cidade de Soumy, no nordeste da Ucrânia, que terá causado mais de 20 mortos.