Begoña Gómez foi chamada a declarar no dia 05 de julho, no âmbito do processo que investiga suspeitas de tráfico de influências e corrupção no setor privado numa série de contratos públicos adjudicados a empresas propriedade de um professor universitário com ligações à mulher do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.
Na semana passada, a justiça espanhola decidiu avançar com a investigação à mulher de Pedro Sánchez por suspeitas de tráfico de influências, rejeitando um parecer do Ministério Público que defendia o arquivamento de uma denúncia contra Begoña Gómez.
Os magistrados do tribunal de Madrid responsáveis pelo caso consideraram que a denúncia contém “indícios objetivos” de que pode ter sido cometido um crime, o que “legitima uma investigação”.
Na denúncia contra Begoña Gómez, apresentada por uma associação conotada com a extrema-direita, estavam em causa ligações da mulher de Pedro Sánchez a empresas privadas que receberam apoios públicos durante a crise da pandemia de covid-19 ou assinaram contratos com o Estado quando o marido era já primeiro-ministro.
Segundo a decisão da semana passada do tribunal de Madrid, os “indícios objetivos” que justificam uma investigação judicial só existem num dos casos referidos na queixa, excluindo o do grupo turístico Globalia, da companhia aérea Air Europa, que foi resgatada pelo governo espanhol durante a pandemia.
Em relação a este caso, os magistrados consideraram que a denúncia não passa de uma conjetura e que não há motivos para avançar com a investigação.
O tribunal disse, por outro lado, que não levou em consideração um relatório da unidade policial que fez uma investigação preliminar sobre a queixa contra Begoña Gómez e que concluiu não haver fundamentos para avançar com um processo.
Segundo esses magistrados, este relatório foi pedido pelo juiz de instrução, que ainda não se pronunciou sobre o documento e, além disso, tem optado por levar a cabo várias diligências, como a audição de diversas testemunhas e, hoje, também a própria Begoña Gómez, na “qualidade de investigada”.
Um tribunal de Madrid revelou em 24 de abril a abertura de um “inquérito preliminar” por alegado tráfico de influências e corrupção de Begoña Gomez, na sequência de uma queixa de uma organização conotada com a extrema-direita baseada em alegações e artigos publicados em páginas na Internet e meios de comunicação digitais.
No dia em que se soube da abertura do inquérito, Pedro Sánchez disse que ponderava deixar o cargo de primeiro-ministro. Após cinco dias de reflexão, decidiu continuar à frente do Governo espanhol.
Sánchez disse que ponderava deixar o cargo por causa da “máquina de lodo” da direita e extrema-direita, afirmando-se vítima, ele a mulher, há anos, de campanhas de desinformação.
No mês passado, numa declaração no plenário do parlamento espanhol, garantiu que a atividade profissional da mulher “é honesta”.
“A única coisa que há é lodo”, disse o socialista Pedro Sánchez, que voltou a acusar o Partido Popular (PP, direita) e o Vox (extrema-direita) de levarem para o debate político informações manipuladas, mentiras e boatos das redes sociais que depois associações extremistas judicializam, apresentando queixas na justiça.
Sánchez disse ainda ter a certeza de que em breve a justiça arquivará as queixas contra a sua mulher e manifestou disponibilidade para tanto ele como Begoña Gómez declararem na comissão de inquérito criada pelo PP no Senado espanhol.