Justiça rejeita queixa de Sánchez contra juiz que investiga a sua mulher

A justiça espanhola não dará seguimento à queixa apresentada pelo primeiro-ministro, Pedro Sánchez, contra o juiz que o impediu de testemunhar por escrito no processo que envolve a sua mulher, por a considerar desprovida de fundamento.

© Facebook de Pedro Sánchez Pérez-Castejón

A decisão de não admitir a queixa de Sánchez, que acusou o juiz Juan Carlos Peinado de prevaricação, foi tomada por unanimidade por um coletivo de magistrados e divulgada hoje pelo Tribunal Superior de Justiça de Madrid (TSJM).

O TSJM disse não ver motivos para dar seguimento à queixa e avançar com uma investigação.

“Conceber como um ataque desnecessário à atuação do Governo a notificação na qualidade de testemunha do seu presidente num processo penal carece da mais elementar justificação”, lê-se na decisão do coletivo de juízes do TSJM.

A queixa foi apresentada em nome de Sánchez pela Advocacia Geral do Estado, um órgão que, em Espanha, está integrado na estrutura do Governo e que noutros países, como Portugal, está dentro das competências do Ministério Público.

Um dos juízes do TSJM fez mesmo uma declaração de voto pessoal, que foi também divulgada hoje pelo tribunal superior, em que defende que deve ponderar-se uma multa à Advocacia Geral do Estado pela queixa que apresentou em nome do primeiro-ministro.

Para este juiz, está em causa um “abuso do direito de queixa”, “má-fé processual” e uma queixa “arbitrária e gratuita”, além de totalmente desprovida de fundamento.

O magistrado acrescenta que foi ainda uma iniciativa que prejudicou “seriamente o clima de serenidade” que deve ter e ser garantido ao poder judicial.

“Não consigo compreender que danos pode causar à ‘dignidade da Presidência do Governo’ que o seu titular compareça como testemunha presencialmente, e não por escrito, perante um magistrado que desempenha a sua função no seio e com as garantias de um Estado de Direito”, escreveu o juiz, na sua declaração de voto.

Pedro Sánchez apresentou em 30 de julho uma queixa na justiça, por prevaricação, contra o juiz que o impediu de testemunhar por escrito no caso que envolve a mulher, Begoña Gómez.

Sánchez queixou-se de que o juiz Juan Carlos Peinado não respeitou a lei do processo penal, que prevê que o chefe do Governo testemunhe por escrito quando está em causa um processo relacionado com o exercício do cargo.

No texto da queixa, lia-se que o juiz recusou a Sánchez a possibilidade de testemunhar por escrito “sem explicação alternativa” e que o magistrado está a prosseguir com diligências sem ter “um mínimo indício” que as justifiquem, gerando um “descrédito gratuito” e desprestigiando a instituição da Presidência do Governo de Espanha.

Sánchez tinha dito estar disponível para prestar declarações por escrito, mas o juiz recusou essa possibilidade, argumentando que foi convocado para testemunhar por ser marido de Begoña Gómez e não por ser primeiro-ministro.

O juiz manteve assim a decisão de recolher o testemunho de forma presencial, numa declaração oral que teria de ser gravada e que decorreria dentro do Palácio da Moncloa, a sede da Presidência do Governo, em Madrid.

O magistrado, representantes do Ministério Público, advogados das defesas e uma advogada do partido de extrema-direita Vox, em representação das “acusações populares” que se constituíram neste caso, deslocaram-se por isso à Moncloa para recolher o testemunho de Sánchez, que acabou por invocar o direito ao silêncio de testemunhas quando estão em causa investigações relativas aos seus cônjuges.

A investigação de que é alvo Begoña Gómez tem como base queixas de associações ligadas à extrema-direita e centra-se, em particular, na sua relação profissional com um empresário cujas empresas negociaram ajudas públicas ou participaram em concursos públicos num período em que Pedro Sánchez já era primeiro-ministro.

Esta investigação foi o motivo que levou Sánchez a ponderar demitir-se no final de abril, afirmando-se vítima, com a família, de uma “máquina de lodo” que difunde mentiras e desinformação na Internet que são depois levadas para o debate político pela direita e pela extrema-direita e judicializadas com queixas de associações extremistas.

Últimas do Mundo

A justiça espanhola não dará seguimento à queixa apresentada pelo primeiro-ministro, Pedro Sánchez, contra o juiz que o impediu de testemunhar por escrito no processo que envolve a sua mulher, por a considerar desprovida de fundamento.
A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) defendeu hoje que os governos têm de trabalhar para reduzir a dívida e reconstruir 'almofadas' para o próximo choque, numa altura em que se espera baixo crescimento económico.
O Papa Francisco pediu hoje respeito pelas forças de manutenção de paz das Nações Unidas no Líbano, após os recentes ataques israelitas de que foram alvo, e apelou uma vez mais a um cessar-fogo no Médio Oriente.
Analistas africanos contactados pela Lusa sublinham a rutura em curso no sistema internacional e a mudança nos equilíbrios de poder e influência globais, mas questionam a exequibilidade, e até o sentido, da reforma do Conselho de Segurança da ONU.
A NATO inicia na segunda-feira o seu exercício nuclear anual “Steadfast Noon”, manobras que vão durar duas semanas e nas quais participarão mais de 60 aviões e 2.000 soldados, sem que seja utilizado armamento real.
Mais um empresário foi raptado esta manhã no centro de Maputo, por homens armados, mas entretanto resgatado peças forças policiais, anunciou hoje a Policia da República de Moçambique (PRM) na capital moçambicana.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, avisou hoje que o furacão Milton poderá tornar-se a pior tempestade na Florida num século e pediu às autoridades para evacuarem as localidades deste estado.
O Ministério Público francês pediu penas de prisão até 15 anos contra 18 suspeitos, a maioria iraquianos-curdos, de pertencerem a uma das principais redes de contrabando de migrantes no Canal da Mancha.
O principal suspeito do desaparecimento de Madeleine McCann, Christian Brückner, foi hoje absolvido de vários crimes sexuais graves pelo Tribunal Regional de Braunschweig, na Alemanha, num julgamento não relacionado com o caso da criança desaparecida no Algarve.
A França expulsou o filho mais velho de Osama Bin Laden, que viveu durante anos na Normandia com a sua mulher, de nacionalidade britânica, por fazer apologia ao terrorismo, disseram hoje fontes oficiais.