Venâncio Mondlane acusa presidente do Podemos de violar acordo

O candidato presidencial moçambicano Venâncio Mondlane acusou o presidente do Podemos, que apoiou a sua candidatura, de violar o acordo pré-eleitoral entre ambos, ao admitir a posse dos deputados eleitos pelo partido, até agora sem representação parlamentar.

© Facebook de Venâncio Mondlane

Num esclarecimento enviado sábado aos partidos políticos, representações diplomáticas e ao Presidente da República, Filipe Nyusi, cuja autenticidade foi hoje confirmada pela Lusa junto de Venâncio Mondlane, o candidato, que não reconhece os resultados proclamados das eleições gerais de 09 de outubro, recorda que assinou com o Podemos, em 21 de agosto, um “acordo político coligatório”, válido até 2028, que “regula uma série de questões”, nomeadamente “decisões políticas do Podemos”.

“Estando, o estimável Albino Forquilha, presidente do Partido, numa série de pronunciamentos públicos e políticos, que vão na contramão do acordo, urge alertar ao povo moçambicano, e aos demais destinatários, que tais decisões, pronunciamentos públicos, acordos e negociações são nulos e de nenhum efeito, por violar o espírito e letra do acordo supracitado”, lê-se no documento.

O partido até agora extraparlamentar Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), registado em maio de 2019 e composto por dissidentes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), viu a sua popularidade aumentar desde o anúncio, em 21 de agosto, do apoio à candidatura de Mondlane nas presidenciais, em resultado de um “acordo político”, pouco tempo depois de Mondlane ter a sua coligação (CAD) rejeitada pelo Conselho Constitucional por “irregularidades”.

No documento, Venâncio Mondlane recorda que Moçambique vive “uma das suas maiores crises políticas geradas pela mega fraude eleitoral” nas eleições gerais de outubro, e que está “engajado em combater a histórica e cíclica fraude eleitoral”.

“Todavia, para levar a bom termo essa luta, que tem, entre outros sacrossantos e inegociáveis desideratos a verdade eleitoral como epicentro, é crucial que a cruzada política ilegitima do ilustre presidente do Podemos tenha fim”, escreve ainda Venâncio Mondlane, garantindo que “foram feitos titânicos esforços de o demover desse descaminho contratual e político, entre contactos interpessoais, reuniões, escritos”.

Contudo, admite, para sua “tristeza”, esses contactos “redundaram em insucesso”.

“Aliás, umas das mais recentes fendas foi a infeliz e, politicamente irregular, decisão de tomada de posse de deputados do Podemos, um ato que ofende, profundamente, a moral, a ética e os interesses do povo moçambicano que votou na dupla VM7 [Venâncio Mondlane]/Podemos na confiança de que achara seus interlocutores diferenciados”, acrescenta, reconhecendo que estão “esgotados” todos os meios para inverter a situação, mas tendo a “esperança” que esta posição leve Forquilha a “abster-se de praticar atos” que pelo acordo pré-eleitoral “o inibem, por ilegitimidade”.

Os resultados promulgados pelo Conselho Constitucional (CC) no dia 23 apontam o Podemos como o novo maior partido de oposição em Moçambique no próximo parlamento, cuja cerimónia de posse será previsivelmente em 13 de janeiro, tirando um estatuto que era da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) desde as primeiras eleições multipartidárias, em 1994.

Dos 250 assentos que compõem a Assembleia da República, a Renamo passou de 60 deputados, que obteve nas legislativas de 2019, para 28 parlamentares.

A Frelimo, no poder desde a independência, manteve-se com uma maioria parlamentar, com 171 deputados.

Nas presidenciais, o CC proclamou Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frelimo, como vencedor, com 65,17% dos votos. Foi também declarada a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de outubro.

A eleição de Chapo tem sido contestada nas ruas e o anúncio do CC aumentou o caos que o país vive desde outubro, com manifestantes pró-Mondlane – candidato que, segundo o CC obteve apenas 24% dos votos, mas reclama vitória – em protestos a exigirem a “reposição da verdade eleitoral”, com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização, com registo de quase 300 mortos e mais de 500 pessoas baleadas.

Últimas do Mundo

O antigo primeiro-ministro malaio Najib Razak foi hoje condenado a 15 anos de prisão por corrupção no fundo de investimento estatal 1Malaysia Development Berhad (1MDB).
A Comissão Europeia aprovou o pedido do Governo português para reprogramar os fundos europeus do PT2030, bem como dos programas operacionais regionais do atual quadro comunitário de apoio.
A autoridade da concorrência italiana aplicou esta terça-feira uma multa de 255,8 milhões de euros à companhia aérea de baixo custo irlandesa Ryanair por abuso de posição dominante, considerando que impediu a compra de voos pelas agências de viagens.
A Amazon anunciou ter bloqueado mais de 1.800 candidaturas suspeitas de estarem ligadas à Coreia do Norte, quando crescem acusações de que Pyongyang utiliza profissionais de informática para contornar sanções e financiar o programa de armamento.
Os presumíveis autores do ataque terrorista de 14 de dezembro em Sydney lançaram explosivos que não chegaram a detonar durante o ataque na praia de Bondi, onde morreram 16 pessoas, incluindo um dos agressores, segundo documentos revelados hoje.
Milhares de pessoas traficadas para centros de burlas no Sudeste Asiático sofrem tortura e são forçados a enganar outras em todo o mundo, numa indústria multimilionária de escravidão moderna. À Lusa, sobreviventes e associações testemunharam a violência.
O Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) alertou para o aumento das infeções sexualmente transmissíveis entre jovens, particularmente a gonorreia, e defendeu que a educação sobre esta matéria em contexto escolar é crucial.
A Polícia Judiciária (PJ) está a colaborar com a investigação norte-americana ao homicídio do físico português Nuno Loureiro, estando em contacto com as autoridades e “a prestar todo o suporte necessário às investigações em curso”.
Uma celebração judaica transformou-se num cenário de terror na praia de Bondi, em Sydney. Pai e filho abriram fogo sobre centenas de pessoas, provocando pelo menos 15 mortos e mais de 40 feridos.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou hoje que uma em cada dez crianças no mundo vai precisar de ajuda no próximo ano, com o Sudão e Gaza a registarem as piores emergências infantis.