A acusação do ministro da Defesa, em funções durante o golpe de Estado e considerado um dos instigadores, revela que o então primeiro-ministro, o ministro dos Negócios Estrangeiros e o ministro das Finanças manifestarem reservas na noite de 03 de dezembro, antes de Yoon decretar lei marcial.
Yoon Suk-yeol surpreendeu o país com a declaração de lei marcial, enviando o exército para a Assembleia Nacional numa tentativa de a silenciar. No entanto, foi forçado a recuar, por pressão dos deputados e de manifestações populares.
Os três ministros expressaram preocupação com as consequências da decisão numa reunião convocada por Yoon Suk-yeol.
“A economia enfrentaria grandes dificuldades e eu receio um declínio da nossa credibilidade internacional”, declarou Han Duck-soo, primeiro-ministro em funções na altura.
Han desempenhou temporariamente as funções de presidente interino, depois de Yoon ter sido destituído pela Assembleia Nacional, a 14 de dezembro.
No entanto, foi igualmente afastado pelos deputados no dia 27, acusado de obstruir o processo de destituição contra Yoon Suk-yeol.
Já o ministro dos Negócios Estrangeiros, Cho Tae-yul, declarou que a lei marcial iria “destruir as conquistas da Coreia do Sul nos últimos 70 anos”.
Por sua vez, o então ministro das Finanças e atual presidente interino, Choi Sang-mok, considerou que a medida teria “efeitos devastadores na economia e na credibilidade do país”.
“Não haverá retorno”, respondeu Yoon Suk-yeol, afirmando que a oposição, com maioria parlamentar, estaria a levar o país à ruína.
No discurso de proclamação da lei marcial, Yoon afirmou que pretendia “eliminar os elementos hostis ao Estado”.
Uma versão resumida deste relatório, consultada pela AFP em dezembro, explica que Yoon autorizou o exército a disparar para abrir os portões do parlamento na noite em que declarou lei marcial, o que não aconteceu.
Yoon Kab-keun, advogado do presidente deposto, declarou à AFP que “não há provas” de uma eventual rebelião, crime pelo qual Yoon Suk-yeol está a ser investigado.
Yoon aguarda a confirmação ou anulação da destituição pelo Tribunal Constitucional.