Zelensky esperado na Polónia após acordo sobre massacres de há 80 anos

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, viajou hoje para a Polónia, depois de os dois países terem chegado a acordo sobre a exumação das vítimas polacas de massacres cometidos por nacionalistas ucranianos na Segunda Guerra Mundial.

© Facebook de Volodymyr Zelensky

O gabinete do primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, anunciou que vai receber Zelensky ao final da manhã e que os dois darão uma conferência de imprensa conjunta pouco depois do meio-dia (hora local).

A visita surge poucos dias depois de Tusk ter anunciado progressos na questão das exumações, uma questão que tem vindo a afetar as relações entre Varsóvia e Kiev há vários anos.

“Finalmente, um avanço. Há uma decisão sobre as primeiras exumações das vítimas polacas da UPA”, escreveu Tusk nas redes sociais na sexta-feira, referindo-se ao Exército Insurgente Ucraniano.

“Agradeço aos ministros da Cultura da Polónia e da Ucrânia pela sua boa cooperação. Estamos à espera de novas decisões”, acrescentou, segundo a agência norte-americana AP.

A viagem de Zelensky foi anunciada por Tusk numa altura em que a Ucrânia estava em alerta aéreo devido a um ataque de grande envergadura russo contra infraestruturas de energia do país.

O encontro entre Tusk e Zelensky ocorre também poucos dias depois de a Polónia ter assumido a presidência rotativa do Conselho da União Europeia, à qual a Ucrânia é candidata à adesão.

A organização não-governamental Fundação Liberdade e Democracia disse na segunda-feira que vai iniciar os trabalhos de exumação das vítimas na Ucrânia em abril.

Apesar de a Polónia ser um dos mais fortes apoiantes da Ucrânia desde que o país foi invadido pela Rússia há quase três anos, a questão das vítimas polacas que jazem em valas comuns em solo ucraniano deixou uma amargura persistente entre muitos polacos.

Também exerceu pressão sobre Tusk, que procura mostrar progressos numa questão que continua a ser importante para muitas pessoas na Polónia.

A questão remonta a 1943-44, quando a Europa estava em guerra.

Os nacionalistas ucranianos massacraram na altura cerca de 100.000 polacos em Volhynia e noutras regiões que se situavam na Polónia oriental, sob ocupação alemã nazi, e que hoje fazem parte da Ucrânia.

Aldeias inteiras foram incendiadas e os habitantes mortos pelos nacionalistas que procuravam criar um Estado independente na Ucrânia.

A Polónia considera os acontecimentos um genocídio e tem vindo a pedir à Ucrânia que lhe permita exumar as vítimas para lhes dar um enterro adequado.

Estima-se que 15.000 ucranianos tenham sido mortos em retaliação.

A questão é difícil para a Ucrânia porque alguns dos nacionalistas ucranianos do tempo da Segunda Guerra Mundial são considerados heróis nacionais devido à luta pela criação do Estado ucraniano.

Enquanto as duas partes tentavam resolver a questão, o presidente do parlamento ucraniano proferiu em maio de 2023 palavras de reconciliação no parlamento polaco.

“A vida humana tem o mesmo valor, independentemente da nacionalidade, raça, sexo ou religião”, disse Ruslan Stefanchuk aos deputados polacos na altura.

“Com esta consciência, cooperaremos convosco, caros amigos polacos, e aceitaremos a verdade, por mais intransigente que seja”, acrescentou.

Últimas do Mundo

Um sismo de magnitude 5,8 na escala de Richter atingiu esta madrugada a ilha de Hokkaido, no norte do Japão, sem que as autoridades do arquipélago tivessem emitido alerta de tsunami.
A taxa de desemprego em Espanha aumentou ligeiramente no terceiro trimestre, atingindo os 10,45% da força de trabalho, face aos 10,29% do final de junho, segundo os dados oficiais divulgados hoje.
Soam os alarmes em Espanha com o presidente do Governo a preparar a maior regularização da história do país vizinho, abrindo caminho à residência e à nacionalidade para centenas de milhares de estrangeiros sem documentos.
A Comissão e o Parlamento europeus apelaram hoje ao consenso entre os Estados-membros para pôr fim ao acerto sazonal dos relógios na primavera e outono, sublinhando o impacto na saúde de uma prática que "já não serve qualquer propósito".
Quase 37.000 pessoas entraram no Reino Unido desde o início deste ano atravessando ilegalmente o Canal da Mancha, o que supera o número registado em todo o ano de 2024, anunciou hoje Ministério do Interior britânico.
O Museu do Louvre reabriu as portas aos visitantes hoje de manhã pela primeira vez desde o roubo feito no domingo por quatro assaltantes que levaram oito joias, causando um prejuízo estimado em 88 milhões de euros.
O Parlamento Europeu deu hoje “luz verde” à modernização das regras sobre cartas de condução na União Europeia, permitindo que jovens de 17 anos conduzam ao lado de um condutor experiente e a utilização de uma licença digital.
Uma investigação do jornal britânico The Telegraph revelou que dezenas de requerentes de asilo no Reino Unido estão a ser batizados em banheiras de hotéis como forma de reforçar os seus pedidos de residência. O caso está a gerar polémica e a levantar dúvidas sobre o eventual uso fraudulento de conversões religiosas como estratégia para escapar à deportação.
Uma suspeita pelo roubo organizado de pepitas de ouro do Museu Nacional de História Natural francês, em Paris, foi indiciada por aquele crime e continua detida, anunciou hoje a procuradora Laure Beccuau.
A companhia aérea de baixo-custo Ryanair anunciou hoje que vai rever rotas e deixar de operar em alguns aeroportos de França, Alemanha, Áustria, Estónia, Letónia e Lituânia, além de Espanha, devido ao aumento de taxas e impostos aeroportuários.