Parlamento Europeu diz que apoiar oposição venezuelana é “dever moral”

O Parlamento Europeu defendeu hoje que apoiar a oposição venezuelana "é um dever moral" e pediu que as autoridades venezuelanas retirem o mandado de captura contra Edmundo González Urrutia, que reconhece como o Presidente legítimo.

©Facebook de Maria Corina Machado

De acordo com uma resolução aprovada hoje durante a sessão plenária, na cidade francesa de Estrasburgo, Nicolás Maduro, que foi declarado o vencedor oficial das presidenciais de 28 de julho de 2024 e tomou posse para um terceiro mandato no passado dia 10, carece de “legitimidade democrática e política”.

O hemiciclo considera que a presidência de Maduro resulta de uma “tentativa ilegal de permanecer no poder pela força”, e insiste que o regime de Caracas divulgue as atas eleitorais.

A oposição reclamou vitória nas eleições apresentando cerca de 80% das atas, mas as autoridades oficiais nunca revelaram estes comprovativos, apesar de insistentes pedidos da comunidade internacional.

“O regime venezuelano perdeu uma oportunidade fundamental de respeitar a vontade do povo e assegurar uma transição democrática transparente do poder”, consideram os eurodeputados.

O Parlamento Europeu louva a “resiliência da oposição democrática e o empenho do povo venezuelano na democracia face à repressão” e considera que apoiar os opositores venezuelanos “é um dever moral”.

Os eurodeputados manifestam “total apoio às investigações do Tribunal Penal Internacional sobre os crimes cometidos pelo regime venezuelano” e apelam à União Europeia (UE) e aos seus Estados-membros para que se coloquem “incondicionalmente do lado das forças democráticas da Venezuela, como é seu dever moral, e a fazerem tudo o que estiver ao seu alcance para restabelecer a democracia no país”.

Em dezembro, o Parlamento Europeu atribuiu a Edmundo González Urrutia, candidato da oposição nas presidenciais, e à líder da oposição, María Corina Machado, o Prémio Sakharov 2024 para a Liberdade de Pensamento, distinguindo a sua “corajosa luta pela liberdade e democracia”.

Edmundo González Urrutia, que procurou asilo em Espanha em setembro, após a justiça venezuelana ter emitido mandados de captura, anunciou que pretendia regressar ao seu país para tomar posse como Presidente, em 10 de janeiro, mas a oposição considerou que não existiam condições de segurança para tal, depois de María Corina Machado ter sido detida durante algumas horas na véspera, ao fim de cerca de quatro meses escondida.

Na resolução, aprovada com 374 votos a favor, 53 contra e 163 abstenções, os eurodeputados congratulam-se com a recente decisão do Conselho Europeu de alargar as sanções específicas a mais 15 pessoas do regime venezuelano e pedem que estas sanções sejam reforçadas e alargadas de modo a incluir Nicolás Maduro, o seu círculo íntimo e respetivas famílias.

Segundo os eurodeputados, estas sanções deveriam atingir igualmente o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodriguez, e o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, “juntamente com todos os responsáveis por violações dos direitos humanos e pela afirmação ilegítima de autoridade, usurpação de funções oficiais e repressão”.

Em comunicado, a delegação do PSD no Parlamento Europeu destaca que a resolução, de que o eurodeputado Sebastião Bugalho foi co-relator e negociador, “reafirma o compromisso com a causa da liberdade, da democracia e do respeito pelos resultados eleitorais na Venezuela”.

Os eurodeputados social-democratas destacam que a causa venezuelana está agora a mobilizar mais apoio entre as forças políticas, apontando que o PPE (a que pertence PSD e CDS), S&D (que inclui o PS) e o Renew (que abrange a Iniciativa Liberal) — “formaram uma maioria, agora mais ampla e diversa, que demonstra não ter dúvidas quanto à natureza ditatorial e opressora do regime de Nicolás Maduro e o valor democrático da vitória de Edmundo González”.

Últimas de Política Internacional

As autoridades turcas detiveram hoje 234 pessoas suspeitas de pertencerem a redes de crime organizado, numa grande operação policial de âmbito internacional, foi hoje anunciado.
A União Europeia (UE) quer reforçar o controlo e a responsabilização do comércio internacional de armas, após os 27 terem aprovado hoje uma revisão do quadro sobre esta matéria, motivada pela entrega de armas à Ucrânia.
A Alta-Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiro defendeu hoje que é preciso a Rússia seja pressionada para aceitar as condições do cessar-fogo, recordando que a Ucrânia está a aguardar há um mês pela decisão de Moscovo.
O presidente em exercício do Equador, o milionário Daniel Noboa, foi declarado vencedor da segunda volta das eleições de domingo pela autoridade eleitoral do país, derrotando a rival de esquerda, Luisa González.
O Governo moçambicano admitiu hoje pagar três milhões de dólares (2,6 milhões de euros) à euroAtlantic, pela rescisão do contrato com a estatal Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), mas abaixo da indemnização exigida pela companhia portuguesa.
O presidente da Ucrânia pediu uma "resposta forte do mundo" ao ataque com mísseis balísticos na manhã de hoje contra a cidade de Soumy, no nordeste da Ucrânia, que terá causado mais de 20 mortos.
O líder venezuelano Nicolas Maduro vai visitar Moscovo no próximo mês para participar nas comemorações do Dia da Vitória sobre a Alemanha nazi, que se celebra tradicionalmente a 9 de maio, confirmou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros russo.
Os países que apoiam a Ucrânia na defesa do território ocupado por tropas russas comprometeram-se hoje com mais 21.000 milhões de euros para apoiar o país, durante uma reunião do Grupo de Contacto.
As autoridades italianas transferiram hoje o primeiro grupo de imigrantes em situação irregular para os polémicos centros de deportação na Albânia, transformados em estruturas de repatriamento de requerentes de asilo já com ordem de expulsão de Itália.
A inflação na Venezuela fixou-se em 136% em março, em termos anuais, anunciou o Observatório Venezuelano de Finanças (OVF).