Exportações portuguesas de calçado caem 6,5% em 2024

As exportações de calçado português aumentaram 3,3% em volume, mas caíram 6,5% em valor, em 2024 face a 2023, somando 1.702 milhões de euros num ano "muito difícil no plano externo", avançou hoje a associação setorial APICCAPS.

© D.R.

“É o reflexo da dinâmica do mercado. O ano que terminou foi muito difícil no plano externo”, afirma o presidente da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS), Luís Onofre, citado num comunicado.

As estimativas da APICCAPS com base nos dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística (INE) apontam ainda para um novo máximo histórico das exportações do setor de artigos de pele e marroquinaria, que em 2024 terão aumentado 8,5% para 351 milhões de euros, destacando-se o segmento “malas e bolsas”, com um crescimento de 10,6% para 175 milhões.

Em 2024, a indústria portuguesa de calçado exportou 67 milhões de pares de calçado para todo o mundo, tendo vendido mais de 90% da sua produção para 170 países de todos os continentes.

Luís Onofre refere que, por um lado, “é notório um abrandamento dos principais mercados internacionais, nomeadamente Alemanha, França e Países Baixos, que afetou os principais protagonistas do setor e as empresas [portuguesas] em particular”.

“Depois, começa a ser percetível a estratégia do setor de diversificar a oferta de produtos, ainda que muitas vezes recorrendo à subcontratação no exterior, a exemplo do que já fazem os nossos principais concorrentes internacionais”, sublinha.

Como resultado, as exportações de calçado em couro terão recuado 7% no ano passado, para 39 milhões pares, enquanto as exportações de calçado em outros materiais (impermeável, plástico ou têxtil) terão aumentado 22,6% para 28 milhões de pares.

Ainda assim, o presidente da APICCAPS reitera a convicção da indústria de que o calçado em couro é “a melhor solução do mercado”, o que justifica o peso superior a 80% que tem ainda nas vendas do setor em valor.

“É um produto natural, tecnicamente mais robusto e consideravelmente mais sustentável, na medida em que apresenta um período de vida mais longo”, enfatiza, lembrando o “esforço considerável” de investimento que o setor tem feito no desenvolvimento de numa nova geração de produtos, nomeadamente no âmbito do projeto Bioshoes4all.

“Esse é um caminho que deveremos aprofundar”, sustenta Luís Onofre.

Por mercados, as estimativas da APICCAPS indicam que a Europa “continua a ser o mercado natural” para o calçado português, em especial a Alemanha (com vendas de 14 milhões de pares, no valor de 383 milhões de euros), França (15 milhões de pares no valor de 348 milhões de euros) e Países Baixos (cinco milhões de pares, no valor de 195 milhões de euros).

O Reino Unido é outro dos grandes mercados da indústria nacional de calçado, com vendas de três milhões de pares no valor de 113 milhões de euros em 2024, assim como os EUA, para onde as exportações aumentaram 25% nos últimos três anos, somando dois milhões de pares e 94 milhões de euros no ano passado.

Para este ano, as previsões do World Footwear Survey apontam que o consumo mundial do calçado deverá crescer 8,4%, mas sobretudo impulsionado pela Oceânia (+25%), África (+13,3%), Ásia (+9,2%) e América do Norte (+8,3%), enquanto a Europa, o mercado de referência para o calçado português, deverá estagnar (+0,5%).

De acordo com o mesmo relatório, as principais dificuldades que se continuarão a colocar à indústria do calçado serão o custo das matérias-primas e mercadorias e a concorrência nos mercados internos.

“Todos os indicadores apontam para que o ano de 2025 seja um ano muito exigente, na medida em que as principais economias mundiais continuam a dar sinais de forte estagnação. São muitos os sinais de incerteza”, lamenta Luís Onofre.

“Do nosso lado, temos de continuar o esforço de procurar novos mercados, pois só com uma atitude proativa no desenvolvimento de novos produtos e conquista de novos clientes poderemos atenuar um momento conjuntural particularmente complexo”, acrescenta.

Últimas de Economia

O ‘stock’ de empréstimos para habitação acelerou em outubro pelo 22.º mês consecutivo, com um aumento homólogo de 9,4% para 109.100 milhões de euros, divulgou hoje o Banco de Portugal (BdP).
A proposta de lei de Orçamento do Estado para 2026 foi hoje aprovada em votação final global com votos a favor dos dois partidos que apoiam o Governo, PSD e CDS-PP, e com a abstenção do PS. Os restantes partidos (CHEGA, IL, Livre, PCP, BE, PAN e JPP) votaram contra.
O corte das pensões por via do fator de sustentabilidade, aplicado a algumas reformas antecipadas, deverá ser de 17,63% em 2026, aumentando face aos 16,9% deste ano, segundo cálculos da Lusa com base em dados do INE.
O indicador de confiança dos consumidores diminuiu em novembro, após dois meses de subidas, enquanto o indicador de clima económico aumentou, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Os gastos do Estado com pensões atingem atualmente 13% do PIB em Portugal, a par de países como a Áustria (14,8%), França (13,8%) e Finlândia (13,7%), indica um relatório da OCDE hoje divulgado.
Os prejuízos das empresas não financeiras do setor empresarial do Estado agravaram-se em 546 milhões de euros em 2024, atingindo 1.312 milhões de euros, com a maioria a apresentar resultados negativos, segundo um relatório do Conselho das Finanças Públicas (CFP).
Os preços dos hotéis na região de Lisboa aumentaram 26,7% na Web Summit, face à semana anterior, para uma média de 151 euros, segundo um estudo da NOVA Information Management School, com dados da Host Intelligence, divulgado hoje.
A Comissão Europeia desembolsou hoje 1,06 mil milhões de euros em subvenções a Portugal, na sequência do seu sétimo pedido de pagamento ao abrigo do Mecanismo de Recuperação e Resiliência.
Os concursos de empreitadas de obras públicas promovidos até outubro aumentaram 56% em número e 31% em valor, em termos homólogos, respetivamente para 6.620 e 9.164 milhões de euros, anunciou hoje a associação setorial AICCOPN.
A Comissão Europeia alertou hoje para “novos desafios” relacionados com a crise habitacional que aumentam os riscos de pobreza e de desigualdade social em Portugal, dado haver mais pessoas com encargos excessivos de habitação.