Orçamento do Estado francês para 2025 adotado pela Assembleia Nacional

O projeto de Orçamento do Estado francês para 2025 foi definitivamente adotado hoje pela Assembleia Nacional, após uma votação final no Senado para concluir o tumultuoso processo de aprovação, suspenso desde dezembro.

© D.R.

Com 219 votos a favor e 107 contra, o projeto de lei das Finanças do Governo do primeiro-ministro centrista, François Bayrou, foi aprovado pela câmara alta, dominada por uma aliança centrista de direita.

Na quarta-feira, o primeiro-ministro nomeado em 13 de dezembro pelo Presidente Emmanuel Macron, sobreviveu a uma moção de censura contra o Orçamento do Estado para 2025, apresentada pela França Insubmissa (LFI, esquerda radical), devido à oposição do Partido Socialista (PS) e da direita que permitiu a adoção do orçamento.

O texto submetido a votação tinha sido objeto de um acordo entre as duas câmaras (Assembleia Nacional e Senado) na sexta-feira, numa comissão mista de sete senadores e sete deputados.

O orçamento destina-se a reduzir o défice da França para 5,4% do produto interno bruto (PIB) este ano, já que em 2024 atingiu 6,1% do PIB provocando receios na Comissão Europeia, através de cortes nas despesas e aumentos de impostos no valor total de 50 mil milhões de euros, segundo o Governo francês.

O relator geral do orçamento para o Senado, Jean-François Husson (da direita), defendeu que este projeto de lei das finanças “põe fim ao colapso orçamental do passado e marca o início de uma recuperação muito necessária”.

Entre as medidas estão previstas taxas excecionais e temporárias sobre as grandes empresas e as famílias mais ricas, um esforço de cerca de 2,2 mil milhões de euros das autarquias locais e a restauração de 4.000 postos de ensino ameaçados.

O ministro da Economia, Éric Lombard, saudou a adoção pelo Senado de um “projeto de recuperação financeira” que visa reduzir o défice público, com “um esforço sem precedentes” de 30 mil milhões de euros em poupanças e 20 mil milhões de euros em “aumentos de impostos proporcionais à capacidade de pagamento de cada um”.

“Provámos coletivamente que é possível discutir, debater e fazer oposição, mas sem paralisar o país”, afirmou a ministra das Contas Públicas, a macronista Amélie de Montchalin, referindo-se aos deputados socialistas e de direita que mesmo não concordando com o texto não o censuraram para permitir ao país ter um orçamento.

Confrontada com uma dívida pública recorde, a França navega em águas turbulentas desde a dissolução da Assembleia Nacional, no início de junho, decidida por Macron, na sequência da derrota do seu partido nas eleições europeias.

Desde as eleições legislativas, não houve maioria na Assembleia Nacional, que está dividida em três blocos (esquerda, centro-direita e direita) e já existiram três primeiros-ministros.

O primeiro-ministro antecessor, Michel Barnier, viu o seu Governo cair no início de dezembro com numa moção de censura apoiada pelos partidos de esquerda e pela União Nacional (RN, direita), quando tentava aprovar o Orçamento do Estado para 2025.

Na quarta-feira, o Governo francês ultrapassou ainda uma segunda moção de censura relativa à primeira parte do orçamento da Segurança Social, mas Bayrou utilizou novamente o mecanismo constitucional que permite a aprovação sem votação dos deputados para passar a segunda parte desse texto, provocando uma nova moção de censura da LFI.

Últimas de Política Internacional

O Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, promulgou hoje a alteração da Constituição para permitir o aumento das despesas com a defesa e criar um fundo de desenvolvimento de 500.000 milhões de euros, anunciou a presidência.
O chefe da diplomacia dos talibãs afegãos recebeu hoje em Cabul uma delegação norte-americana chefiada pelo enviado dos Estados Unidos para os prisioneiros, Adam Boehler, anunciou o gabinete do ministro Amir Khan Muttaqi.
A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Kaja Kallas, saudou hoje o anúncio de Trump de ajuda à defesa aérea da Ucrânia como extremamente importante.
As próximas conversações russo-americanas sobre o conflito na Ucrânia vão decorrer na Arábia Saudita no domingo ou no início da próxima semana, anunciou hoje o Kremlin (presidência russa).
O parlamento argentino deu luz verde ao governo do ultraliberal Javier Milei para concluir um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre um novo empréstimo para refinanciar a dívida argentina.
A carta que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou ao Irão na semana passada, instando o país a negociar sobre o programa nuclear iraniano, incluía um prazo de dois meses para se chegar a um novo acordo
O Governo dos Estados Unidos reconheceu num tribunal federal que está a tentar obter informações confidenciais sobre imigrantes indocumentados, no âmbito da atual campanha de deportação, avançou a estação norte-americana de televisão CNN.
Um eventual cessar-fogo parcial na Ucrânia após contactos entre os Presidentes da Rússia e dos Estados Unidos vai dominar a reunião dos líderes da União Europeia (UE) hoje em Bruxelas, quando o bloco comunitário aposta mais na sua defesa.
Cinco pessoas foram acusadas de corrupção ativa ou branqueamento de capitais no âmbito da investigação que visa a empresa chinesa Huawei, por suspeitas de corrupção no Parlamento Europeu, anunciou hoje o Ministério Público federal belga.
A China e a Rússia estão a utilizar um “enorme arsenal digital” para interferir e manipular as democracias ocidentais, alertou hoje a União Europeia (UE).