Exportações de calçado sobem em volume mas caem em valor para 1.724 milhões em 2024

Portugal exportou 68 milhões de pares de calçado para 170 países em 2024, um crescimento de 3,9% em volume, mas uma quebra de 5,4% em valor face a 2023, para 1.724 milhões de euros, segundo o INE.

© D.R.

Tendo por base os mais recentes dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS) destaca que, ainda assim, este recuo compara com uma perda de 8,2% do maior concorrente da indústria portuguesa, a Itália, e uma quebra de 7% do maior produtor mundial de calçado, a China.

Embora assinale que “o último trimestre [de 2024] foi já de crescimento”, de 14,3%, o presidente da APICCAPS, Luís Onofre, reconhece que “o ano que terminou foi muito difícil no plano externo”.

“Por um lado, é notório um abrandamento dos principais mercados internacionais, nomeadamente Alemanha, França e Países Baixos, que afetou os principais protagonistas do setor e as nossas empresas em particular. Depois, começa a ser percetível a estratégia do setor de diversificar a oferta de produtos,”, sublinha o dirigente associativo.

Assim, se as exportações de calçado em couro recuaram 6% em 2024, para 40 milhões de pares, as exportações de calçado em outros materiais (impermeável, plástico ou têxtil) aumentaram 22,6% para 28 milhões de pares.

“Ainda que acreditemos que o calçado em couro seja a melhor solução do mercado, razão pela qual representa mais de 80% das nossas vendas em valor, porque é um produto natural, tecnicamente mais robusto e consideravelmente mais sustentável – na medida em que apresenta um período de vida mais longo -, temos feito um esforço considerável para investir numa nova geração de produtos, nomeadamente no âmbito do projeto BioShoes4All”, sustenta Luís Onofre.

“Esse é um caminho que deveremos aprofundar”, acrescenta.

O calçado de couro representa atualmente 83% das exportações portuguesas de calçado, destacando-se Portugal como o 10.º maior exportador mundial neste segmento.

No total, o calçado ‘made in Portugal’ foi comercializado em 170 países no ano passado, tendo o Belize sido o mais recente novo destino das exportações do setor.

Por mercados, a Europa continua a ser “o mercado natural” para o calçado português, em especial a Alemanha (14 milhões de pares, no valor de 391 milhões de euros), a França (15 milhões de pares no valor de 348 milhões de euros) e os Países Baixos (cinco milhões de pares, no valor de 197 milhões de euros).

Destaque também para o Reino Unido (três milhões de pares vendidos em 2024, no valor de 113 milhões de euros), e para os EUA, onde as vendas aumentaram 25% nos últimos três anos para dois milhões de pares, no valor de 97 milhões de euros.

Ainda de acordo com o INE, o setor de artigos de pele atingiu um novo máximo histórico em 2024, com Portugal a exportar mais de 353 milhões de euros em artigos de pele e marroquinaria, um acréscimo de 9,1% relativamente ao ano anterior.

Destaque para o segmento “malas e bolsas”, que registou um crescimento de 11,4% para 176 milhões de euros.

No total, as exportações do ‘cluster’ português do calçado atingiram 2.147 milhões de euros em 2024, contribuindo o setor do calçado com mais de mil milhões de euros anualmente para a balança comercial portuguesa.

Setenta e cinco empresas da fileira do calçado participam na próxima semana em Milão, Itália, nas feiras internacionais Micam, Mipel e Lineapelle, num contexto internacional que a associação setorial reconhece ser “de grande exigência”.

Para além das 43 empresas de calçado e acessórios de pele que, de hoje até terça-feira, expõem nas feiras Micam e Mipel, Portugal estará também representado, de terça a quinta-feira, na feira de componentes para calçado e curtumes Lineapelle, onde a comitiva nacional contará com 32 companhias.

Últimas de Economia

Os consumidores em Portugal contrataram em outubro 855 milhões de euros em crédito ao consumo, numa subida homóloga acumulada de 11,3%, enquanto o número de novos contratos subiu 4%, para 157.367, divulgou hoje o Banco de Portugal (BdP).
O Governo reduziu o desconto em vigor no Imposto Sobre Produtos Petrolíferos (ISP), aplicável à gasolina sem chumbo e ao gasóleo rodoviário, anulando parte da descida do preço dos combustíveis prevista para a próxima semana.
Os pagamentos em atraso das entidades públicas situaram-se em 870,5 milhões de euros até outubro, com um aumento de 145,4 milhões de euros face ao mesmo período do ano anterior, segundo a síntese de execução orçamental.
O alojamento turístico teve proveitos de 691,2 milhões de euros em outubro, uma subida homóloga de 7,3%, com as dormidas de não residentes de novo a subir após dois meses em queda, avançou hoje o INE.
A taxa de inflação homóloga abrandou para 2,2% em novembro, 0,1 pontos percentuais abaixo da variação de outubro, segundo a estimativa provisória divulgada hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
O ‘stock’ de empréstimos para habitação acelerou em outubro pelo 22.º mês consecutivo, com um aumento homólogo de 9,4% para 109.100 milhões de euros, divulgou hoje o Banco de Portugal (BdP).
A proposta de lei de Orçamento do Estado para 2026 foi hoje aprovada em votação final global com votos a favor dos dois partidos que apoiam o Governo, PSD e CDS-PP, e com a abstenção do PS. Os restantes partidos (CHEGA, IL, Livre, PCP, BE, PAN e JPP) votaram contra.
O corte das pensões por via do fator de sustentabilidade, aplicado a algumas reformas antecipadas, deverá ser de 17,63% em 2026, aumentando face aos 16,9% deste ano, segundo cálculos da Lusa com base em dados do INE.
O indicador de confiança dos consumidores diminuiu em novembro, após dois meses de subidas, enquanto o indicador de clima económico aumentou, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Os gastos do Estado com pensões atingem atualmente 13% do PIB em Portugal, a par de países como a Áustria (14,8%), França (13,8%) e Finlândia (13,7%), indica um relatório da OCDE hoje divulgado.