Tribunal russo mantém prisão de francês acusado de recolha de informações

Um tribunal de Moscovo rejeitou hoje o recurso do cidadão francês Laurent Vinatier, acusado de recolha ilegal de informações sobre assuntos militares na Rússia, e manteve a sentença de três anos de prisão.

© D.R.

“O veredicto do tribunal de primeira instância de Zamoskvorezki relativo a Laurent Vinatier mantém-se inalterado”, declarou a juíza de recurso Tatiana Sokolova.

Quando a sentença foi pronunciada, as lágrimas brotaram nos olhos do condenado, segundo a agência francesa AFP.

Detido desde junho de 2024, Vinatier, um cientista político especializado no espaço pós-soviético, foi contratado na Rússia pelo Centro para o Diálogo Humanitário.

Trata-se de uma organização não-governamental (ONG) suíça que medeia conflitos fora dos canais diplomáticos oficiais, nomeadamente na Ucrânia.

As autoridades russas acusaram Vinatier, 48 anos, de não se ter registado como “agente estrangeiro” quando recolhia “informações no domínio das atividades militares” que poderiam ser “utilizadas contra a segurança” da Rússia.

Há anos que a Rússia utiliza o estatuto de “agente estrangeiro” para reprimir os críticos, mas esta é a primeira vez que um estrangeiro é condenado sob esta acusação.

Vinatier admitiu os factos, mas alegou ignorância e pediu desculpa, esperando obter clemência do tribunal.

“Admito a minha culpa e peço desculpa à Rússia por não respeitar as suas leis”, repetiu hoje em russo no tribunal, com um ar pálido, segundo a AFP.

O tribunal Zamoskvoretski de Moscovo condenou Vinatier a três anos de prisão em 14 de outubro de 2024, um veredicto considerado duro pelos advogados de defesa, que anunciaram imediatamente a intenção de recorrer.

Segundo fontes ouvidas pela AFP, o francês trabalhava há anos no conflito entre a Rússia e a Ucrânia, mesmo antes da invasão russa de 24 de fevereiro de 2022, no âmbito de uma diplomacia discreta e paralela à dos governos.

Até ter sido detido, tinha-se deslocado aos dois países.

O advogado de defesa do francês pediu que fosse aplicada a Vinatier “uma pena sob a forma de multa”.

O próprio Vinatier – que é casado com uma russa e tem dois filhos menores – afirmou estar “apaixonado pela Rússia” e apelou para uma decisão “justa e benevolente”, segundo a agência espanhola EFE.

A mulher de Vinatier enviou uma carta ao tribunal a comprometer-se a pagar a multa se a medida judicial fosse alterada.

O caso surge numa altura em que as relações entre Moscovo e Paris estão muito tensas, com acusações entre os dois países.

A Rússia foi acusada de uma série de atos de desestabilização e desinformação em território francês, enquanto a França foi criticada pelo apoio militar à Ucrânia e por censurar os meios de comunicação social russos.

Últimas do Mundo

A proprietária do Daily Mail, DMGT, assinou um acordo com o grupo Redbird IMI para adquirir o jornal britânico Telegraph por 500 milhões de libras esterlinas (cerca de 569 milhões de euros), anunciou hoje a editora em comunicado.
O ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro foi hoje preso preventivamente a pedido do Supremo Tribunal Federal, segundo a imprensa local.
A União Europeia admite que a conferência da ONU sobre alterações climáticas termine “sem acordo” por considerar que a proposta hoje apresentada pela presidência brasileira da COP30 é inaceitável.
A Comissão Europeia exigiu hoje ao Governo de Portugal que aplique corretamente uma diretiva que diz respeito aos requisitos mínimos de energia nos produtos que são colocados à venda.
Um número indeterminado de alunos foi raptado de uma escola católica no centro da Nigéria, anunciou hoje um responsável local, assinalando o segundo rapto deste tipo no país numa semana.
Sheikh Hasina, outrora a mulher mais poderosa do Bangladesh, cai agora como carrasco nacional: um tribunal condenou-a à morte por orquestrar a carnificina que matou 1.400 manifestantes e feriu 25 mil.
A violência contra cristãos disparou em 2024, com mais de 2.200 ataques que vão de igrejas incendiadas a fiéis assassinados, revelando uma Europa cada vez mais vulnerável ao extremismo e ao ódio religioso. Alemanha, França, Espanha e Reino Unido lideram a lista negra da cristianofobia.
O procurador-geral de Espanha, Álvaro García Ortiz, foi esta quinta-feira, 20 de novembro, condenado pelo Tribunal Supremo do país por um delito de revelação de informações pessoais e em segredo de justiça através do reenvio de um 'e-mail' a jornalistas.
O crescimento económico na OCDE desacelerou para 0,2% no terceiro trimestre, menos duas décimas que no segundo, com uma evolução diferente entre os países membros e uma queda significativa da atividade do Japão.
Cerca de mil pessoas, incluindo mais de 130 alpinistas, foram hoje retiradas das proximidades do vulcão Semeru, na ilha de Java, que entrou em erupção na quarta-feira, disseram as autoridade indonésias.