Bruxelas quer centros de repatriamento e retorno forçado para migrantes irregulares na UE

A Comissão Europeia propôs hoje a criação de um sistema europeu comum para o retorno de migrantes ilegais, sugerindo o repatriamento para países terceiros e processos forçados destas pessoas em situação irregular na União Europeia (UE).

© LUSA/MIGUEL A. LOPES

Prometida há vários meses, a abordagem comum para o regresso de nacionais de países terceiros em situação irregular na União foi hoje proposta pelo executivo comunitário, à margem da sessão plenária do Parlamento Europeu na cidade francesa de Estrasburgo, sendo dirigida às pessoas alvo de uma decisão de retorno adotada pelos Estados-membros, após os seus pedidos terem sido negados.

Quando se estima que só cerca de 20% dos nacionais de países terceiros obrigados a abandonar o espaço comunitário realmente o façam, escapando às autoridades e para outros Estados-membros, Bruxelas propõe “a possibilidade jurídica de repatriar para um país terceiro pessoas que se encontrem em situação irregular na UE e que tenham recebido uma decisão final de regresso, com base num acordo ou num convénio celebrado bilateralmente ou ao nível da União”.

“Esse acordo ou convénio pode ser celebrado com um país terceiro que respeite as normas e os princípios internacionais em matéria de direitos humanos, em conformidade com o Direito internacional, incluindo o princípio da não repulsão”, indica a instituição.

Apesar de já existirem centros de repatriamento fora da UE, como um na Albânia após um acordo bilateral do país com Itália, a Comissão Europeia garante estar a falar de diferentes soluções, por aqui não estarem em causa requerentes de asilo, mas pessoas em situação ilegal.

No âmbito do novo Pacto em matéria de Migração e Asilo, as propostas incluem também regras claras sobre o regresso forçado, que acontecerá quando uma pessoa em situação irregular na UE não coopera, foge para outro Estado-membro, não sai do espaço comunitário no prazo estabelecido ou constitui um risco para a segurança.

Estão também previstas “regras mais rigorosas para limitar os abusos e gerir a fuga”, como a exigência de provas para localizar os repatriados (garantias financeiras ou comprovativos de residência ou de localização).

As pessoas consideradas como arriscadas em termos de segurança passam ainda a estar sujeitas a regras estritas, incluindo o regresso forçado obrigatório, proibições de entrada mais longas e detenção até 24 meses.

De acordo com a Comissão Europeia, o novo regulamento prevê um “sistema verdadeiramente europeu sob a forma de um regulamento com procedimentos comuns”, dado que atualmente existem 27 diferentes processos (pelo número de Estados-membros), e um “reconhecimento mútuo” das decisões nacionais para poderem ser executadas por outros países.

Cabe agora ao Parlamento Europeu e ao Conselho chegarem a acordo sobre a proposta, o que o executivo comunitário espera que aconteça rapidamente.

Este é um debate sensível na UE dados os diferentes pontos de vista e contextos dos Estados-membros na gestão migratória, que visa combater a imigração ilegal, reforçar os retornos de pessoas nessa situação e melhorar as vias legais de integração.

A discussão surge meses depois de a UE ter adotado um novo Pacto em matéria de Migração e Asilo, que só estará em vigor em meados de 2026 dado o necessário período de adaptação para as legislações nacionais dos 27 Estados-membros, mas do qual Países Baixos, Hungria e Polónia já pediram exclusão.

Portugal defende uma postura consensual na UE face às novas pressões tendo em conta as tensões geopolíticas, desde que respeitando o Direito internacional e salvaguardando os canais de migração regulares.

Em 2023, 119 mil cidadãos de países terceiros viram recusada a sua entrada numa das fronteiras externas da UE e mais de um milhão foram considerados em situação ilegal na União, dos quais cerca de metade foram obrigados a sair.

Últimas do Mundo

O Governo ucraniano afastou hoje o ministro da Justiça, depois de este ter sido implicado num alegado esquema de cobrança de comissões na empresa nacional de energia atómica, revelado na segunda-feira pela agência anticorrupção do país.
Pelo menos 27 pessoas morreram e 3,6 milhões foram afetadas pela passagem do supertufão Fung-wong nas Filipinas no domingo, informaram hoje as autoridades locais.
As autoridades espanholas intercetaram 18 migrantes em Pilar de la Mola, que tinham alcançado Formentera, ilhas Baleares, na terça-feira à noite a bordo de uma embarcação precária.
A produção mundial de vinho recuperou ligeiramente em 2025 face ao ano passado, mas segue em baixa, principalmente devido ao impacto das condições climáticas adversas, segundo a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV).
O número de pessoas desaparecidas em todo o mundo aumentou 70% em cinco anos, indicou hoje o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), com base nos seus registos.
Alojados pela Cruz Vermelha em hotéis locais, vários imigrantes africanos envolveram-se em confrontos com residentes. A decisão de alojamento, apoiada pelo Partido dos Socialistas da Catalunha (PSC), gerou protestos e expôs a tensão crescente na região catalã.
Os preços mundiais do café situaram-se em outubro 30,3% acima do mesmo mês de 2024, subindo apenas 0,5% face a setembro, num mês de muitas oscilações devido às negociações tarifárias e problemas de produção e logística.
Um sismo de magnitude 6,2 atingiu hoje a mesma zona da costa nordeste do Japão, que tinha sido atingida por um forte tremor no domingo, desencadeando novo alerta de tsunami de menor gravidade.
A Agência Meteorológica do Japão (JMA) levantou o alerta de tsunami devido ao sismo de magnitude 6,9 que abalou hoje o nordeste do Japão, embora mantenha as advertências regulares de novos tremores.
A Agência Meteorológica do Japão (JMA) levantou o alerta de tsunami devido ao sismo de magnitude 6,9 que abalou hoje o nordeste do Japão, embora mantenha as advertências regulares de novos tremores.