Oito guardas prisionais ouvidos dia 19 pela inspeção sobre fuga de Vale de Judeus

Os sete guardas prisionais e o chefe da guarda alvo de processo disciplinar na sequência da fuga da prisão de Vale de Judeus são ouvidos em interrogatório pela inspeção na quarta-feira ao longo do dia.

© LUSA/CARLOS BARROSO

A convocatória para interrogatório pelo Serviço de Auditoria e Inspeção (SAI) da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), a que a Lusa teve acesso, foi remetida ao estabelecimento prisional de Vale de Judeus a 06 de março e convoca para dia 19, a partir das 10:00 o interrogatório dos oito visados pelos processos disciplinares abertos, que incluem ainda o ex-diretor da cadeia.

O presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP), Frederico Morais, disse à Lusa que irá estar presente para “defender o corpo da guarda prisional” e acompanhar os interrogatórios, que terão também a presença do advogado do sindicato, Pedro Proença.

Os interrogatórios têm uma duração prevista, segundo a calendarização, de meia hora cada, prevendo-se que o último comece pelas 15:30.

Os processos disciplinares foram abertos pela ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, após recomendação do relatório elaborado pelo SAI e entregue ao Governo a 17 de outubro, cerca de um mês após a fuga de cinco reclusos de Vale de Judeus, a 07 de setembro.

“O silêncio de muitos dos envolvidos, embora não os tenha desfavorecido, não permitiu deslindar alguns dos factos que ajudariam a delimitar a intervenção individual”, refere o relatório do SAI, citado no comunicado do Ministério da Justiça quando divulgou a abertura de processos disciplinares.

Em relação ao ex-diretor da prisão de Vale de Judeus, Horácio Ribeiro, o relatório apontou para a “violação dos deveres gerais de prossecução do interesse público, zelo e lealdade”, sublinhando que o diretor em regime de substituição “não zelou pelo cumprimento das orientações em matéria de vigilância e segurança, nomeadamente, na homologação das escalas”.

Já sobre o chefe da guarda prisional, o relatório concluiu que lhe cabia a responsabilidade pela vigilância e segurança na prisão naquele dia, nomeadamente a determinação da escala da vigilância (física e vídeo) dos pátios interiores.

Quanto aos guardas prisionais, nos quais se inclui um chefe de ala, o relatório refere a violação de deveres gerais de prossecução do interesse público e “certos deveres especiais”.

“Não cumpriram várias instruções, incluindo instruções escritas. Esses incumprimentos resultaram na falta de escrupulosa vigilância presencial e videovigilância, o que facilitou a fuga dos reclusos e impediu a sua deteção atempada”, lia-se no comunicado.

A fuga de Vale de Judeus levou a ministra da Justiça a ordenar uma auditoria à segurança das cadeias portuguesas e motivou também o afastamento do então diretor-geral da DGRSP, Rui Abrunhosa Gonçalves, que foi substituído interinamente por Isabel Leitão, tendo entretanto sido nomeado o novo diretor-geral, Orlando Carvalho.

A auditoria às condições de segurança das 49 prisões, pedida pela ministra da Justiça, divulgada no final do ano, apontou “deficiências” nos equipamentos, organização e gestão de recursos.

A fuga deu ainda origem a uma averiguação de natureza disciplinar aos guardas que estavam de serviço na videovigilância no momento da fuga e também a um inquérito do Ministério Público para apurar eventuais responsabilidades de cariz criminal.

A Polícia Judiciária recapturou em fevereiro, em colaboração com a polícia espanhola, os dois últimos evadidos dos cinco que a 07 de setembro de 2024 fugiram de Vale de Judeus.

Rodolfo Lohrman, cidadão argentino de 59 anos, e Mark Roscaleer, britânico de 35, foram detidos pela Policia Nacional espanhola.

Fábio Loureiro, português de 33 anos, foi recapturado em 07 de outubro de 2024 em Tânger, Marrocos, e aguarda extradição para Portugal.

Um mês mais tarde, Fernando Ribeiro Ferreira, de 61 anos e também português, foi detido numa casa numa pequena localidade do concelho de Montalegre.

Em 10 de dezembro, o georgiano Shergili Farjiani, de 40 anos, foi recapturado em Itália.

Quando fugiram, os cinco reclusos cumpriam penas entre os sete e os 25 anos de prisão, por tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento, entre outros crimes.

Últimas do País

O Tribunal de Évora condenou hoje a 23 anos e meio de prisão o homem que esteve a ser julgado pelos crimes de homicídio qualificado e aborto da companheira grávida de sete meses, em Borba.
Os sete guardas prisionais e o chefe da guarda alvo de processo disciplinar na sequência da fuga da prisão de Vale de Judeus são ouvidos em interrogatório pela inspeção na quarta-feira ao longo do dia.
O julgamento da Operação Marquês, que pela primeira vez senta um ex-primeiro-ministro no banco dos réus, José Sócrates, começa no dia 3 de julho, mais de uma década depois de conhecida a investigação, foi hoje anunciado.
A Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), a PSP e a GNR lançam na terça-feira a campanha “Viajar sem pressa”, que decorre até segunda-feira e visa alertar os condutores para os riscos da condução em excesso de velocidade.
Portugal continental e o arquipélago da Madeira vão voltar a ser afetados na quarta-feira por uma nova depressão que vai trazer chuva por vezes forte e acompanhada por granizo e vento, disse à Lusa o meteorologista Pedro Sousa.
Dez distritos de Portugal continental entram progressivamente em aviso amarelo entre hoje à tarde e segunda-feira de manhã devido à previsão de chuva provocada pela depressão Laurence, anunciou hoje o IPMA.
Seis urgências de Ginecologia e Obstetrícia e duas de Pediatria, a maioria na região de Lisboa e Vale do Tejo, estão hoje encerradas, segundo as escalas dos Serviços de Urgências do Serviço Nacional de Saúde.
Oito distritos de Portugal Continental vão estar sob aviso amarelo a partir do final da tarde de domingo devido à chuva e quatro estarão sob aviso laranja devido à agitação marítima na segunda-feira, segundo o IPMA.
O Supremo Tribunal de Justiça rejeitou a reclamação da TAP sobre a reintegração e pagamento de indemnizações a alguns tripulantes de cabine dispensados durante a pandemia, um processo que pode vir a custar milhões de euros à companhia aérea.
O julgamento do homem que confessou ter matado, em 2023, duas mulheres no Centro Ismaili, em Lisboa, entra hoje na reta final com a audição da última testemunha e a apresentação de alegações finais.