A recente decisão da Câmara Municipal de reduzir drasticamente o número de lugares de estacionamento no centro de Fafe e substituir esses espaços por parques de dois ou três andares afastados da zona central é um erro que terá consequências graves para os cidadãos e para o comércio local. Apresentam a medida como um passo rumo à modernização, mas, na realidade, estão a dificultar o dia a dia das pessoas e a afastar a vida do coração da cidade.
Ao limitar o estacionamento no centro, estão a criar mais obstáculos à mobilidade dos fafenses. A cidade precisa de ser prática e acessível para quem nela vive e trabalha, e não um espaço onde parar o carro se torna um verdadeiro desafio. Muitas famílias, trabalhadores e comerciantes dependem do automóvel para as suas rotinas diárias. Retirar essa possibilidade de acesso direto ao centro significa complicar a vida de todos.
Os novos parques de estacionamento serão construídos fora da zona central, mas será que alguém vai deixar o carro a centenas de metros do destino e caminhar longas distâncias, carregando compras ou enfrentando o mau tempo? A resposta é evidente. Se o estacionamento não for prático, as pessoas simplesmente vão deixar de frequentar o centro.
E o que acontece quando os clientes deixam de ir ao centro da cidade? O comércio tradicional será um dos mais prejudicados. As pequenas lojas, cafés e restaurantes dependem do movimento diário para sobreviver. Se os clientes começam a evitar o centro por falta de estacionamento, esses negócios perdem faturação, e muitos acabarão por fechar portas.
Ao mesmo tempo, os grandes centros comerciais, que oferecem estacionamento gratuito e cómodo, ganham ainda mais força, enquanto o comércio local fica ainda mais fragilizado. O resultado será um centro da cidade cada vez mais vazio, sem vida, sem movimento e sem as pequenas empresas que fazem parte da identidade de Fafe.
Se o objetivo fosse realmente melhorar a cidade, deveriam começar por criar soluções realistas e equilibradas, que respeitem a forma como as pessoas vivem e trabalham. Para haver evolução, tem que se evoluir primeiro. E evolução não significa impor dificuldades aos cidadãos, mas sim facilitar-lhes a vida.
Uma cidade moderna não é aquela onde se restringe o acesso a quem precisa dele. Uma cidade moderna é aquela que se preocupa com as necessidades reais da sua população, garantindo que todos – desde os comerciantes até às famílias que visitam o centro – podem usufruir dela sem barreiras desnecessárias.