A rede foi desmantelada pela guarda fronteiriça polaca e pelo Ministério Público do país, sendo que entre os migrantes que entraram na Europa através deste método incluíam-se cidadãos de países considerados como de “alto risco”.
A informação foi divulgada pelo Ministério Público de Grójec (centro da Polónia), uma cidade na região da Mazóvia, que acusou os facilitadores de serem “um grupo criminoso organizado que permitiu travessias ilegais de fronteiras na Polónia”, além de serem responsáveis por “abuso de poder e não cumprimento dos seus deveres”.
Entre as três pessoas detidas até agora, contam-se dois “altos responsáveis” de um gabinete de emprego na Mazóvia, a província mais populosa da Polónia, onde se situa a capital, Varsóvia, informou a porta-voz da Guarda de Fronteiras, Dagmara Bielec.
Segundo Bielec, os detidos estavam envolvidos “no processo de emissão de certificados de entrada para trabalho sazonal, permitindo, assim, que estrangeiros de países de migração de alto risco atravessassem ilegalmente a fronteira polaca”.
Como resultado das suas ações, entre 2018 e 2024, quase 12.500 estrangeiros oriundos da Ásia, de África e especificamente do país vizinho Ucrânia “obtiveram fraudulentamente” documentos necessários para solicitar e obter vistos que lhes permitiram entrar na Polónia e noutros países do espaço europeu de livre circulação Schengen.
Os altos responsáveis envolvidos no esquema terão fornecido informações falsas indicando que empregadores polacos — alguns dos quais eram totalmente fictícios — planeavam dar trabalho aos migrantes.
Esta notícia surge numa altura em que está a crescer o escrutínio do sistema de vistos da Polónia, depois de o atual Governo, que assumiu o poder em dezembro de 2023, ter acusado o anterior executivo (do partido conservador Lei e Justiça) de “incompetência e abuso do sistema de vistos” por ter permitido que centenas de milhares de migrantes obtivessem acesso ilegal à Polónia.
O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, disse que as conclusões de uma auditoria estatal “confirmaram as piores suspeitas”, citando um relatório oficial que mostra que foram emitidos, em troca de dinheiro, mais de 366 mil vistos a pessoas de países asiáticos e africanos.
Há poucos dias, o Presidente polaco, Andrzej Duda, assinou uma lei que introduz restrições ao direito de procurar asilo no país.