Tribunal de Contas aponta falhas no controlo do fisco ao regime fiscal dos fundos imobiliários

O Tribunal de Contas encontrou falhas no controlo efetuado pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) ao regime fiscal de que beneficiam os fundos de investimento imobiliário, segundo um relatório de auditoria hoje divulgado.

© Site Tribunal de Contas

Numa auditoria aos benefícios fiscais direcionados aos organismos de investimento imobiliário, o Tribunal de Contas indica que, em 2023, existiam 265 fundos imobiliários, cujo valor de ativos sob gestão ascendia a 14.440 milhões de euros (o equivalente a 5% do Produto Interno Bruto).

Sobre o controlo efetuado pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), o Tribunal de Contas concluiu que “os procedimentos instituídos não garantem que o regime fiscal beneficie apenas os fundos que a ele têm direito”.

A isto, acresce o facto de, refere o documento, os fundos imobiliários não serem objeto de procedimentos específicos de controlo, apesar da sua situação tributária ser acompanhada pela Unidade de Grandes Contribuintes.

No que diz respeito aos benefícios fiscais concedidos a estes organismos em sede de IMI e IMT, o Tribunal de Contas identificou “falhas no controlo do prazo para revenda, bem como isenções concedidas ao abrigo de disposições legais que já não estavam em vigor”.

Os procedimentos de recuperação de valores em falta desencadeados pela Autoridade Tributária e Aduaneira, já na sequência desta auditoria, permitiram, entretanto, recuperar cerca de um milhão de euros “decorrente de isenções de imposto indevidamente concedidas”.

A auditoria concluiu ainda que a “avaliação deste regime fiscal, mais favorável em IRC, fica comprometida por a Autoridade Tributária e Aduaneira não apurar a receita que deixa de ser cobrada”, sublinhando que esta quantificação também “não foi feita no âmbito da avaliação levada a cabo pelo Governo em 2020, e que, mesmo assim, concluiu pela manutenção do regime fiscal”.

Entre as recomendações que deixa ao Ministério das Finanças e à AT, na sequência desta auditoria, o TdC refere a necessidade de ser assegurada a quantificação da receita de IRC que deixa de ser cobrada por via do regime de tributação mais favorável e que sejam corrigidas as lacunas e fragilidades detetadas ao nível do controlo.

O Tribunal quer ainda que sejam eliminadas as situações discriminatórias identificadas pelo Tribunal de Justiça da União Europeia, numa referência ao facto de o TJUE ter concluído que o regime de tributação destes fundos em IRC não assegura a liberdade de circulação de capitais prevista no Tratado da UE por excluir organismos não residentes.

Últimas de Economia

Segundo um relatório do INE realizado em 2025 sobre rendimentos do ano anterior indicam que 15,4% das pessoas estavam em risco de pobreza em 2024, menos 1,2 pontos percentuais (p.p.) do que em 2023.
As exportações de bens caíram 5,2% e as importações recuaram 3% em outubro, em termos homólogos, sendo esta a primeira queda das importações desde junho de 2024, divulgou hoje o INE.
O número de trabalhadores efetivamente despedidos em processos de despedimentos coletivos aumentou 16,4% até outubro face ao período homólogo, totalizando os 5.774, superando o total de todo o ano passado, segundo os dados divulgados pela DGERT.
Os custos de construção de habitação nova aumentaram 4,5% em outubro face ao mesmo mês do ano passado, com a mão-de-obra a subir 8,3% e os materiais 1,3%, de acordo com dados hoje divulgados pelo INE.
Os consumidores em Portugal contrataram em outubro 855 milhões de euros em crédito ao consumo, numa subida homóloga acumulada de 11,3%, enquanto o número de novos contratos subiu 4%, para 157.367, divulgou hoje o Banco de Portugal (BdP).
O Governo reduziu o desconto em vigor no Imposto Sobre Produtos Petrolíferos (ISP), aplicável à gasolina sem chumbo e ao gasóleo rodoviário, anulando parte da descida do preço dos combustíveis prevista para a próxima semana.
Os pagamentos em atraso das entidades públicas situaram-se em 870,5 milhões de euros até outubro, com um aumento de 145,4 milhões de euros face ao mesmo período do ano anterior, segundo a síntese de execução orçamental.
O alojamento turístico teve proveitos de 691,2 milhões de euros em outubro, uma subida homóloga de 7,3%, com as dormidas de não residentes de novo a subir após dois meses em queda, avançou hoje o INE.
A taxa de inflação homóloga abrandou para 2,2% em novembro, 0,1 pontos percentuais abaixo da variação de outubro, segundo a estimativa provisória divulgada hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
O ‘stock’ de empréstimos para habitação acelerou em outubro pelo 22.º mês consecutivo, com um aumento homólogo de 9,4% para 109.100 milhões de euros, divulgou hoje o Banco de Portugal (BdP).