“Se Luís Montenegro vencer, que é uma possibilidade que está em cima da mesa, se Luís Montenegro vencer, nós não teremos estabilidade nos próximos meses em Portugal”, advertiu André Ventura.
Desde o início da campanha eleitoral, o líder do CHEGA tem-se mostrado convicto de que o seu partido vai ser o mais votado no domingo, recusando até responder sobre eventuais cenários de governabilidade. Questionado se se trata de uma mudança no discurso, André Ventura negou e voltou a repetir que “o CHEGA vai vencer estas eleições”.
“Não mudou nada. A nossa convicção é a mesma, a de que vamos vencer”, afirmou, defendendo que, “se o cenário de Luís Montenegro vencer poder ser viável, é um mau cenário para o país” porque, na sua opinião, o líder do PSD “não tem condições para ser primeiro-ministro”.
Questionado sobre um eventual entendimento entre PSD e IL, desvalorizou, assinalando que “as sondagens dizem que CHEGA e PSD terão uma maioria absoluta no parlamento, isso é uma evidência”.
“Para nós, CHEGA , não basta haver maiorias absolutas numéricas, tem que haver maiorias de integridade, tem que haver maiorias de transparência. Não interessa que Chega e PSD vão ter maioria absoluta, como aparentemente vão, segundo todas as sondagens. Maioria, aliás, absolutíssima”, disse.
André Ventura assinalou que não é uma “questão de matemática, é uma questão de decência e é uma questão de integridade”.
“A questão é que, para nós, não conta só os números, não conta que haja 20 mais 20 ou 30 mais 20. A nossa maioria não é de números, é de integridade, é de decência e é contra a corrupção. Luís Montenegro tem mostrado que não consegue nem ter a integridade, nem a capacidade de lutar contra a corrupção. Isso, para nós, é fatal para uma maioria política”, indicou.
O líder insistiu que “só há uma condição de estabilidade, é o CHEGA vencer à direita as eleições”.
O presidente do CHEGA recusou comentar a entrada na campanha do filho de Luís Montenegro, que é também sócio-gerente da Spinumviva, dizendo que “a mulher e o filho de Luís Montenegro não são objeto desta campanha eleitoral”.
Sobre uma eventual comissão de inquérito ao caso da empresa fundada por Montenegro, o presidente do CHEGA ressalvou que o objetivo ainda não é conhecido, mas assinalou que “há coisas por esclarecer”
“Também existem mecanismos parlamentares e extraparlamentares para fazer essa investigação. O parlamento poderá fazê-lo, se tiver que fazê-lo, certamente que o fará”, afirmou.
André Ventura não disse concretamente se admite chamar a família do primeiro-ministro para ser ouvida no parlamento, mas defendeu que os políticos devem “poupar a família, seja de quem for”, se estas pessoas não escolheram “estar na política”.
À pergunta se uma comissão parlamentar de inquérito faz sentido se Luís Montenegro não for primeiro-ministro, André Ventura respondeu que essa é uma questão a “avaliar depois”.
Questionado também sobre a greve da CP, o líder do CHEGA defendeu que “há condições para haver um compromisso político” que leve a uma alteração da lei por forma a garantir que os “serviços mínimos existem sempre, para que as pessoas não fiquem privadas de transportes”, e também “o reembolso aos utentes”.
A caravana do CHEGA continua no Algarve, um dos círculos que o partido venceu nas eleições legislativas do ano passado.
O dia começou com uma arruada pelas ruas de Tavira, ao final da manhã, com poucas dezenas de apoiantes que, a certa altura, cantaram “já ganhámos, já ganhámos”.
Durante as declarações, ouviram-se críticas ao trabalho dos jornalistas, com expressões como “jornalixo”.