A cerimónia, intitulada XXXIII Encontro Nacional de Homenagem aos Combatentes, realizou-se, como todos os anos, no Monumento aos Combatentes do Ultramar, em Belém, Lisboa, e foi igualmente acompanhada pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e por centenas de pessoas, a maioria das quais ex-combatentes.
Com início às 12h00, precisamente na altura em que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fazia o seu tradicional discurso do 10 de Junho em Lagos, a cerimónia contou com os discursos do presidente da Comissão Executiva que organizou este encontro, major-general Avelar de Sousa, e do coronel comando Paulo Pipa de Amorim.
Gerou-se, contudo, alguma tensão quando o imã da Mesquita Central de Lisboa, sheik David Munir, subiu ao palanque à frente do monumento, num momento que a organização apresentava como “uma cerimónia inter-religiosa católica e muçulmana”.
Quando o sheik se estava a dirigir para o palanque, um homem vestido com uma farda caqui insurgiu-se, aproximando-se do local e começando a gritar que a presença do imã de Lisboa nesta cerimónia era “uma traição ao povo português”.
“Isto é uma vergonha, pá. Isto é não é a tua pátria”, gritou outro homem no final da breve intervenção de David Munir, antes de se dirigir a Gouveia e Melo, que se encontrava à sua frente, a poucos metros de distância.
“O almirante Gouveia e Melo está entregue aos traidores”, acusou, continuando com insultos durante largos minutos, antes de as autoridades intervirem – numa altura de quase confronto físico com outras pessoas que lhe pediam para se calar – e o retirarem para um espaço mais recuado.
No final da cerimónia, em declarações aos jornalistas, Gouveia e Melo foi questionado sobre este incidente, mas não se quis pronunciar, afirmando apenas que “estes momentos são de união e não de desunião”.