André Ventura falava aos jornalistas no final da cerimónia comemorativa do 10 de Junho, em Lagos, no distrito de Faro, quando comentava o teor dos discursos proferidos pela presidente das comemorações, a escritora Lídia Jorge, e pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.
Apesar de a questão da reparação de Portugal às suas antigas colónias não ter sido abordada em nenhum desses dois discursos, o presidente do CHEGA levantou o tema depois de ter sido confrontado pelos jornalistas com a ideia de um povo português multicultural inerente às intervenções de Marcelo Rebelo de Sousa e de Lídia Jorge.
André Ventura começou por assinalar aos jornalistas estar a ouvir da assistência palavras de apoio, elogiou o Presidente da República por ter abordado a questão dos antigos combatentes portugueses, mas lamentou que não se tenha falado “no excesso de imigração”.
A seguir, sem se referir a Lídia Jorge, alertou para a possibilidade de o poder político entrar “num caminho perigoso de dizer que os portugueses são culpados pelo esclavagismo que houve no mundo”.
“Esta semana vi Moçambique pedir a devolução de obras de arte, ou a devolução de qualquer riqueza portuguesa. Sem ofensa para ninguém, eu represento o meu país, que é Portugal. E Portugal não vai devolver nada”, declarou.
“Se Portugal devolvesse o que quer que fosse a uma antiga província”, de acordo com André Ventura, então eles “tinham que devolver os milhões que os portugueses investiram em estradas, em hospitais, em escolas, em cultura”.
“Mentalizem-se disto, nós não vamos devolver nada a ninguém. E o Governo que tentar que Portugal reveja a sua História, culpando-se a si próprio, ou que devolva às antigas colónias o que quer que seja, da nossa parte cairá no parlamento no dia seguinte, porque nós temos de ter orgulho na nossa História”, reforçou.
O presidente do Chega assumiu que Portugal “teve o seu papel no mundo, teve o seu papel na criação de impérios, teve o seu papel no esclavagismo, teve o seu papel como outras nações do mundo tiveram”.
“Outra coisa é chicotear-nos, bater-nos com o chicote nas costas e dizer nós somos responsáveis, nós vamos indemnizar-vos, nós vamos assumir a culpa. Não, Portugal não assume a culpa de nada a não ser de ter uma grande História”, contrapôs.
Depois do fim da cerimónia, já quando todos os representantes institucionais tinham abandonado a Avenida dos Descobrimentos em Lagos, o Presidente do CHEGA esteve a cumprimentar durante cerca de 20 minutos e comentou que “as pessoas não deixam de apoiar o CHEGA”.
“Quanto ao Presidente da República parece-me que quis, honestamente, dar uma centralidade aos antigos combatentes, mas lamento não ter existido uma palavra para o excesso de imigração que estamos a ter”,
”Tanto se falou de multiculturalidade, da centralidade portuguesa, e os políticos continuam sem coragem para dizer que há um problema com a imigração em Portugal e que temos que lutar contra ela”, acrescentou.