“Eu não disse que o engenheiro José Sócrates tinha que provar o que quer que seja, nem tinha que provar a sua inocência, eu não referi isso, disse que haveria uma oportunidade em julgamento para fazer a prova de inocência. Só isso. Para se provar a inocência, ele fará, se quiser. Se os factos que o Ministério Público invoca não se provarem, não é preciso mais nada”, explicou Amadeu Guerra a propósito de declarações suas proferidas ao jornal Observador há uma semana.
O Procurador-Geral da República falava hoje aos jornalistas no Tribunal de Almada, no âmbito de uma visita de trabalho à Comarca de Lisboa.
José Sócrates criticou as declarações de Amadeu Guerra ao Observador quando disse que se deveria “dar oportunidade a Sócrates para provar a sua inocência”, tendo apresentado um pedido de recusa do procurador-geral da República.
Para o ex-primeiro-ministro, Amadeu Guerra coloca o ónus da prova no cidadão, que tem de provar a sua inocência, em vez de ser o Estado a provar a culpa.
Hoje Amadeu Guerra disse não estar arrependido das declarações, considerando que foram mal interpretadas e explicou que há muitos anos que o Ministério Público sempre foi acusado de que os factos da investigação eram uma farsa, que a acusação era mal construída e sem factos.
“Face às declarações anteriores sobre a inexistência de factos, sobre a inexistência de razões para fazer acusações, (…) tenho a perceção de que [Sócrates] iria provar em julgamento que tudo era uma farsa. Portanto, o que eu disse foi que esta é a altura própria para discutirmos essa questão, em julgamento”, sustentou.
Amadeu Guerra disse ainda que, daquilo que percebeu ontem nas alegações iniciais feitas pelo advogado de José Socrates, a expressão utilizada foi: “Iremos demonstrar a inocência de José Sócrates”.
“Portanto, não fui só eu a referir isso. E o que eu ouvi ontem é aquilo que está subjacente à minha intervenção. Isto é, é no julgamento que se fazem essas situações”, frisou.