“O CHEGA não só está disposto [para negociar], como vai trazer para o Orçamento do Estado as suas propostas, as suas preocupações, e como entendemos que o ideal é que não haja uma crise política no Orçamento do Estado. Mas alguém quer outra crise política? Queremos ir a eleições outra vez em março ou em abril do próximo ano? O país agora vive para andar de eleições em eleições?”, questionou André Ventura.
O líder do CHEGA falava aos jornalistas à margem de uma iniciativa na freguesia de Benfica, em Lisboa, acompanhado pelo candidato do partido à autarquia da capital, Bruno Mascarenhas.
Hoje, o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, acusou o primeiro-ministro de escolher o CHEGA como parceiro preferencial de governação, reagindo à entrevista de Luís Montenegro à Antena 1 na qual o chefe do executivo se manifestou surpreso com a ameaça do PS de romper com o Governo e considerou que o CHEGA “está a começar a mostrar” maior responsabilidade.
André Ventura criticou duramente o PS, acusando os socialistas de “pura infantilidade” e “criancice”.
“Quando oiço José Luís Carneiro [líder do PS] dizer que afinal vai votar contra o Orçamento do Estado e que essa responsabilidade agora é do CHEGA, tudo certo, nós assumiremos essa responsabilidade e vamos dialogar para assumir essa responsabilidade em prol da estabilidade e do país”, afirmou.
Apesar de se manifestar aberto a dialogar com o executivo sobre este documento, que começa a ser debatido pelo parlamento em outubro, André Ventura salientou que em democracia “tem de haver alternativa” e rejeitou ser “muleta do Governo”.
“Não podemos deixar de dizer que o PS é cada vez mais irrelevante no ponto de vista parlamentar, e este é um facto. O que acresce outro problema: se o PS é cada vez mais irrelevante, há uma alternativa ao PSD e essa alternativa é o CHEGA, e isso significa que o CHEGA também tem que se apresentar como alternativa e não como muleta do Governo”, sustentou.
Interrogado sobre o facto de Luís Montenegro ter atribuído ao CHEGA uma postura de maior responsabilidade, Ventura disse não querer elogios, mas sim “trabalho”.
“Eu não vivo nem dos elogios do primeiro-ministro, nem de nenhum político. Eu quero é trabalho, e quero que o primeiro-ministro mostre esse trabalho, e esse trabalho mostra-se cortando com o sistema, cortando com os carreirismos e cortando com os tachos. É assim que se faz, eu prefiro menos elogios e mais trabalho”, disse.