Metade das urgências fechava se obstretas apenas cumprissem contrato

O diretor executivo do SNS, Álvaro Almeida, alertou hoje que se os médicos obstetras se limitassem a cumprir a sua obrigação contratual, metade dos serviços de urgência estariam sempre fechados.

© Folha Nacional

“Os médicos que estão no SNS estão obrigados, de acordo com os seus contratos, a prestar 509 mil horas de urgência no total” por ano, mas para conseguir ter as 39 urgências de obstetrícia a funcionar continuamente são necessárias um milhão e 22 mil horas de urgência, o dobro, disse Álvaro Almeida da Comissão de Saúde.

Na audição, onde foi ouvido a requerimento do Chega sobre a morte de dois bebés, o responsável afirmou que “para garantir, de certeza, que não há problemas”, o SNS precisava do dobro dos especialistas que tem hoje para assegurar as urgências em permanência.

Contudo, disse ser impossível conseguir este objetivo nem “no curto, nem no médio prazo, nem mesmo ao fim de muitos anos”, independentemente dos esforços que estão a ser feitos para aumentar esse número.

“Felizmente, os profissionais têm uma disponibilidade que tem que ser realçada e aproveito este momento para o fazer, que permite que o problema não seja assim tão grave, tão profundo, e portanto vamos tendo bastante mais do que metade das urgências a funcionar em cada momento, aliás, temos quase sempre para cima de 90% das urgências a funcionar”, assinalou.

Segundo Álvaro Almeida, houve menos 35% de encerramentos de urgência de obstetrícia e ginecologia este verão de junho a agosto, comparativamente ao mesmo período do ano passado, o que indica que o plano que está a ser executado “está a dar resultados”.

“Se me dizem: mas continua a haver encerramentos? Com certeza, os problemas estruturais não se resolvem num dia. Resolvem-se gradualmente, com várias soluções, umas de curto prazo”, nomeadamente a coordenação das urgências para garantir que há sempre uma resposta e uma redução do número de encerramentos, e medidas estruturais.

Adiantou que há medidas em análise, uma das quais a revisão da rede de urgências, que já está em curso, tendo para isso sido criado um grupo de trabalho que terá de apresentar em 30 dias uma proposta de rede de referenciação, que incluirá a criação de urgências regionais, que são pontos de urgência únicos numa determinada região.

Questionado sobre o fecho de urgências, nomeadamente na margem Sul, que obriga as grávidas a fazer vários quilómetros para serem assistidas, Álvaro Almeida começou por dizer que toda a população gostaria de ter “uma urgência hospitalar à porta de casa, mas não é possível”.

Disse estar “muito mais preocupado” com o facto de as pessoas de Mogadouro, de Odemira, de Montalegre estarem a 90 quilómetros, hora e meia, da urgência obstétrica mais próxima, do que saber se a urgência do Barreiro está fechada e a utentes tem que ir para Almada.

“Peço desculpa, mas para mim são situações totalmente diferentes. Eu acho que estar a hora e meia de uma urgência obstétrica é um problema sério, real. Estar a 30 em vez de estar a 40 minutos não parece que seja um problema sério”, comentou.

Sobre onde se pode melhorar, Álvaro Almeida apontou que, além das urgências regionais, de “todas as tentativas de captar obstetras”, nomeadamente através de novos modelos de organização dos serviços de obstetrícia, deve ser melhorado o sistema de transportes.

“Mais do que um problema de falta de urgências, o que nós temos, ou podemos ter, é um problema de transportes. Se conseguirmos agilizar os transportes, conseguimos evitar aquelas situações que não queremos que aconteçam, como as senhoras darem à luz no meio da rua ou em ambulância”, apesar de na ambulância as mulheres terem apoio.

Portanto, sustentou, é preciso assegurar que a resposta de emergência é uma “eficaz para depois transportar, neste caso, as senhoras grávidas, para o hospital mais próximo que esteja disponível, com capacidade de responder às necessidades daquela pessoa”.

Álvaro Almeida refutou ainda os números apresentados pelo deputado do Chega Rui Cristina de já terem ocorrido este ano mais de 50 partos em ambulâncias, questionando de onde retirou essa informação.

“De onde é que vem essa informação? É que os dados que o INEM me dá não têm nada a ver com isso. Os números são metade disso (25)”, salientou, rematando: “Já percebemos que para o Chega a fonte de informação é a comunicação social. E, portanto, informação concreta, fidedigna, de fontes oficiais, não importa. O que importa é o que diz a comunicação social”.

Últimas do País

A Impresa confirmou hoje que estão em curso negociações com o grupo MFE, para venda de até 33% do capital, mas ainda não há acordo vinculativo, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Um assalto transformou a Avenida dos Aliados, no Porto, numa verdadeira cena de filme. Um homem de 31 anos fugia de populares após furtar uma loja quando, em pleno centro da cidade, ameaçou quem o perseguia com um extintor e chegou mesmo a atingir na cara um polícia.
Um jovem de 23 anos, procurado pelas autoridades europeias por homicídio qualificado, foi capturado pela PSP num posto de combustível da Amadora. Além de estar em situação ilegal em Portugal, o suspeito transportava 22 doses de haxixe e 565 euros em dinheiro.
A E-Redes tinha cerca de nove mil clientes sem eletricidade às 14:30 de hoje, devido ao mau tempo, segundo um novo balanço da operadora da rede de distribuição elétrica.
Os limites legais de ruído foram ultrapassados em Lisboa em mais de 70% das medições realizadas durante o verão pela associação Vizinhos em Lisboa, colocando a capital portuguesa entre as cidades europeias mais ruidosas, com efeitos globais na saúde.
Portugal registou em 2024 uma nova redução de dadores de sangue, totalizando quase menos dez mil em relação a 2017, e voltando a níveis próximos do período pré-pandemia, segundo um relatório do Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST).
A Polícia Judiciária (PJ) fez hoje buscas na Câmara de Ourém e em três empresas no âmbito de uma investigação sobre alegados crimes de violação das regras urbanísticas, poluição, corrupção, fraude na obtenção de subsídio e branqueamento de capitais.
A Comissão Europeia abriu hoje uma investigação aprofundada para determinar se a fabricante estatal chinesa de material circulante CRRC, integrante do consórcio da Mota-Engil, teve “uma vantagem indevida” no concurso da linha violeta do Metro de Lisboa.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) registou entre as 20:00 de terça-feira e as 08:00 de hoje cerca de 23 mil raios, associados à aproximação e passagem de uma depressão frontal.
A Guarda Nacional Republicana (GNR) anunciou hoje ter localizado três menores dados como desaparecidos na Alemanha após intercetar uma viatura que circulava com matrículas falsas no concelho de Pombal e cujo condutor foi detido.