Em artigo da minha autoria publicado n(o sítio na Internet d)o jornal Folha Nacional a 21 de Maio de 2024, intitulado «Outono Marcelista», escrevi: «(…) O actual residente no Palácio de Belém admitiu publicamente que Portugal, do qual é, seria (mas não se comporta como tal), o “supremo magistrado”, é colectivamente – e por muitas gerações – culpado por actos hediondos que nenhum tribunal ou qualquer outra instância nacional ou internacional tem qualquer autoridade e capacidade para julgar. Mas Marcelo Rebelo de Sousa acredita que nos deveríamos auto-condenar e, logo, proceder a enormes transferências de riqueza que, ultimamente, nos poderiam arruinar e destruir definitivamente. (…) Esta não é, porém, a primeira vez que Marcelo Rebelo de Sousa possibilita, se não pelas suas acções então pelas suas inacções, graves prejuízos tanto morais como materiais a Portugal (…).»
Mais de um ano depois, Marcelo proferiu novamente afirmações que podem causar, e talvez até já tenham causado, graves prejuízos tanto morais como materiais ao nosso país. Foi há um mês mas, infelizmente, a cada vez maior distância temporal não é garantia de que não venham a existir consequências negativas.
A 27 de Agosto último, ao participar na edição de 2025 da denominada «Universidade de Verão», iniciativa que a Juventude Social Democrata realiza em Castelo de Vide, o ex-presidente do Partido Social Democrata disse que «em termos objectivos, a nova liderança norte-americana tem favorecido estrategicamente a Federação Russa (…); o líder máximo da maior super-potência do Mundo, objectivamente, é um activo soviético, ou russo; funciona como activo.» Já é muito mau bolsar imbecilidades sobre supostas «reparações» a ex-colónias cujos «ecos» e reacções não terão ocorrido para além do espaço da dita lusofonia. Porém, pior, consideravelmente pior, é acusar, e caluniar, o Presidente dos Estados Unidos da América, nação aliada de Portugal e que também integra a Organização do Tratado do Atlântico Norte.
Desta vez a incontinência verbal de Rebelo de Sousa foi notícia um pouco por todo o planeta, e em especial nos EUA, com órgãos de comunicação social tais como Yahoo, Slate, Mediaite, Gateway Pundit, Daily Beast e CNN – sim, a «original», e não apenas a sucursal nacional – a darem destaque ao disparate, compreensível e previsivelmente…
… E é isso que a atoarda de Marcelo representa, um disparate, uma calúnia, uma acusação sem qualquer fundamento, uma mentira. Mesmo que tal fosse verdade mandaria a mais básica prudência, a mais elementar… diplomacia, que se mantivesse o mais sensato silêncio. No entanto, e obviamente, não é esse o caso. Donald Trump enquanto «activo soviético, ou russo» é como que uma continuação de Donald Trump «em conluio com a Rússia, que o ajudou a ganhar a eleição de 2016», a grande falsidade inicial fabricada pela campanha de Hillary Clinton e pela administração de Barack Obama para prejudicar o então candidato, e, depois, presidente.
À qual se seguiram outras invenções e difamações soezes e ofensivas contra DT em particular e contra os militantes, apoiantes e votantes do Partido Republicano em geral: «intolerância», «censura», «divisionismo», «extremismo», «fascismo», «nazismo», «racismo», «xenofobia», «misoginia», «homofobia», «islamofobia», «ameaça existencial à Constituição, à democracia e à república». Estes ataques vis dos democratas, não mais do que projecções porque eles acusam os outros falsamente daquilo de que são efectivamente culpados, representam também incitamentos indirectos ou até directos à violência, de que exemplos não faltam na última década, dos quais avultam: em 2017 os disparos contra congressistas republicanos, um dos quais, Steve Scalise, ficou gravemente ferido; em 2022 a tentativa de homicídio de Brett Kavanaugh, juíz do Supremo Tribunal dos EUA nomeado por Trump; em 2024 as duas tentativas de homicídio de DT, uma das quais falhou o alvo por meros milímetros; e, em 2025, o assassinato de Charlie Kirk. Todos estes crimes foram cometidos por esquerdistas no «núcleo» ou na «órbita» do partido do «burro».
Porque Marcelo Rebelo de Sousa é há tanto tempo considerado superiormente culto e inteligente seria de esperar que, em princípio, ele conseguisse ser imune a desinformações e a demagogias. Todavia, e como é atestado por sucessivas declarações… infelizes, fica comprovado que as suas capacidades intelectuais têm sido largamente sobrestimadas. Com a sua «apreciação» apalermada das acções de Donald Trump perante a Rússia ele demonstrou estar ao mesmo baixo nível de diversos «comentadeiros», «paineleiros», arrogantes e ignorantes, que frequentam as rádios, televisões e jornais nacionais, dos quais sobressai Ana Gomes, que em Agosto último acusou o actual Presidente dos EUA de ser um «predador pedófilo».
Ela, contudo, não ocupa a posição institucional do seu adversário na eleição presidencial de 2021; este deveria saber que, no partido do «elefante», a memória é longa, e até Março próximo, quando um novo «inquilino» ocupar o Palácio de Belém, Portugal não está de todo livre de sofrer represálias por causa da língua comprida do corrente locatário; em Washington certamente se sabe que MRS sente amizade por Lula da Silva – cujo julgamento-fantoche de Jair Bolsonaro «encomendado» a Alexandre de Moraes tem suscitado severas sanções contra o Brasil – e admiração por Fidel Castro – em 2016, seis meses depois de tomar posse, foi a Cuba e visitou o ditador para realizar um «sonho de juventude».
No meu artigo anterior, acima mencionado, concluí que Marcelo Rebelo de Sousa «está em pleno “Outono Marcelista” que faz com que seja cada vez mais difícil que ele termine o seu mandato com dignidade.» Agora não restam dúvidas de que tal não é possível. Ele é, e será sempre, o «Senhor Vichyssoise». Um (mau) exemplo de frivolidade, irresponsabilidade e leviandade.