Já até final do ano, o BPF quer atingir 6.000 milhões de euros em financiamento garantido às empresas (entre garantias, instrumentos de capital, dívida e fundos de investimento).
“Esperamos ter [em 2025] o melhor ano de produção do grupo excluindo o ano do covid [2020]”, disse o presidente executivo do BPF, Gonçalo Regalado, na conferência de imprensa em Lisboa.
Questionado sobre o objetivo traçado anteriormente ser de 7.000 milhões de euros e por que há uma revisão em baixa para 6.000 milhões de euros, Regalado respondeu que há “operações de grande dimensão” que podem passar para 2026.
Segundo explicou, há financiamentos que não dependem só do banco mas também de outras entidades para serem executados (o que pode ser este ano ou nos primeiros meses de 2026), pelo que o banco decidiu ser mais cauteloso na meta de final do ano.
“Não temos dúvidas de que os 1.000 milhões de euros chegarão, mas não está nas mãos do banco fazer-se neste ano civil”, disse.
Quanto a crédito problemático, em setembro, o BPF tinha 1.047 milhões de euros de empréstimos em incumprimento.
Segundo o banco, o malparado é sobretudo ‘stock’ herdado do passado e tem havido pouco malparado novo.
Além disso, mais de 90% do crédito em incumprimento tem imparidade registada (incluindo 450 milhões de euros em que foi usado o aval do Estado).
Gonçalo Regalado disse hoje acreditar que parte importante do malparado será possível recuperar, pois 60% das empresas com crédito malparado continuam a operar e mais de 80% do montante são créditos de valor relativamente pequeno (cada crédito em incumprimento é em média de 60 mil euros).
“Só faremos venda de carteiras e ‘write-off’ [limpar esses créditos malparados do balanço do banco] se sentirmos que não foi possível este processo de recuperação”, afirmou.
Ainda quanto à conta de resultados, o Banco Português de Fomento teve lucros de 9,8 milhões de euros até setembro, menos 44% do que no mesmo período de 2024.
O produto bancário desceu 2,8% para 38,3 milhões de euros (acompanhando a descida da margem financeira) e o ativo total desceu 4% para 706,8 milhões de euros.
Segundo Gonçalo Regalado, tanto o lucro como o produto bancário são os “necessários” para um banco que tem por objetivo apoiar a economia.
Para o gestor, seria relativamente fácil aumentar a rentabilidade com a subida de encargos como comissões, mas isso significaria um “imposto sobre as empresas” que acedem a financiamento, garantias e instrumentos de capital do BPF.
“Não temos a menor dúvida de que temos é de prestar contas aos acionistas do banco que são os cidadãos e que o que querem é a economia a crescer (…) Isso é muito mais importante do que o resultado banco ser 10 ou 15 milhões de euros”, afirmou.
Segundo Regalado, os acionistas do banco (o Estado diretamente e entidades estatais) têm a mesma interpretação e que por isso é que não tem havido distribuição de dividendos. Considerou ainda que se no futuro vierem a ser distribuídos serão sempre valores marginais porque o lucro não é dos indicadores estratégicos do banco, ainda que o banco tenha de ser gerido de forma sustentável.
Ainda até setembro, os custos operacionais foram de 19 milhões de euros (mais 2,5% nos custos com pessoal e 1,4% nos gastos gerais e administrativos).
O BPF tinha cerca de 221 funcionários em setembro, mais 31 do que um ano antes, e quer continuar a contratar mais.
O grupo Banco Português de Fomento (100% detido pelo Estado português) foi criado com o objetivo de promover a modernização das empresas e o desenvolvimento económico do país, financiando investimentos com empréstimos e participando em projetos como acionista.
O Banco Português de Fomento também gere recursos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
No início deste ano, o então ministro da Coesão Territorial, Castro Almeida, defendeu no parlamento que o Banco de Fomento não teve o impacto esperado e prometeu relançá-lo. Em fevereiro entrou em funções a nova administração, com Gonçalo Regalado como presidente executivo.