A pressão das rendas, aliada ao custo de vida crescente, fez com que a habitação ultrapassasse o desemprego, o divórcio e problemas de saúde como principal motivo de endividamento das famílias portuguesas, alerta a Deco.
Nos últimos meses, o Gabinete de Proteção Financeira da associação registou um número cada vez maior de pedidos de apoio provenientes de reformados, um cenário que representa uma alteração profunda no perfil dos sobre-endividados. Natália Nunes, responsável pelo gabinete, admite que se trata de uma tendência preocupante e explica que muitos destes idosos, com pensões reduzidas e sem poupanças acumuladas, viram as suas despesas disparar subitamente, sobretudo devido ao aumento das rendas. Perante a dificuldade em pagar casa, alimentação e outras necessidades básicas, recorrem frequentemente ao crédito, sobretudo cartões e empréstimos pessoais, criando uma espiral de dívida difícil de controlar.
Desde o início do ano, cerca de três mil pensionistas procuraram a Deco para obter ajuda ou informação, o que corresponde a cerca de 15% dos casos acompanhados. A maioria dos reformados vive em casas arrendadas, quase um em cada dez continua a pagar um empréstimo da habitação e cerca de 11,5% encontra-se já em situações de habitação precária, vivendo em quartos ou condições muito limitadas. Apenas um quarto destes idosos reside em casa própria. Em média, vivem com uma pensão de cerca de 1.150 euros e suportam prestações de crédito que rondam os 680 euros mensais, uma taxa de esforço que chega perto dos 60% do rendimento disponível.
A Deco sublinha que esta realidade é “uma bomba-relógio social”, sobretudo para quem não conseguiu construir uma almofada financeira ao longo da vida laboral. Embora a descida das taxas de juro e algumas medidas governamentais tenham trazido algum alívio às famílias com crédito à habitação, os pensionistas continuam a ser dos mais expostos à crise habitacional. Natália Nunes lamenta ainda a falta de instrumentos financeiros simples e acessíveis para pequenas poupanças, lembrando que muitos produtos disponíveis não oferecem rentabilidade suficiente para superar a inflação.
Neste Dia Mundial da Poupança, a associação reforça o apelo à criação de incentivos públicos que promovam o hábito de poupança desde cedo e defende programas de literacia financeira, promovidos por autarquias ou através de campanhas digitais. “A poupança para a reforma não pode ser um privilégio reservado a quem tem rendimentos altos”, frisa a responsável, recordando que a vulnerabilidade financeira na velhice é um problema que tende a agravar-se caso nada seja feito.
 
								 
													 
													 
													 
													 
													 
													 
													 
													 
													 
													 
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
     
     
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
      
      
    
     