Custo de vida e segurança lideram preocupações de portugueses em Nova Iorque

O elevado custo de vida e a segurança estão no topo das preocupações de vários jovens portugueses a viver em Nova Iorque, que não poderão votar na eleição para 'mayor', mas que serão afetados pela decisão dos eleitores.

D.R.

Com idades entre os 26 e os 31 anos, Bárbara, Carolina, Paulo e Francisco têm em comum o facto de viverem em Nova Iorque há cerca de três anos, de não poderem votar no escrutínio de terça-feira e de apontarem o elevado o custo de vida como algo que os preocupa na cidade que escolheram para viver, trabalhar e estudar.

Dados recentes do portal imobiliário Zillow mostram que o arrendamento médio de um estúdio (T0) na cidade de Nova Iorque custa atualmente 3.250 dólares (2.810 euros) por mês.

Contudo, a questão da insegurança e criminalidade anda lado a lado com o custo de vida nas preocupações dos jovens portugueses ouvidos pela Lusa.

“Uma das minhas preocupações neste momento é o custo de vida, nomeadamente da habitação, que está caríssima e só continua a aumentar. E a tudo isto juntam-se os impostos muito altos, que é algo que também me preocupa”, disse à Lusa Francisco Felisberto.

Para o consultor financeiro de 31 anos, nem o facto de o Departamento de Polícia da Cidade de Nova Iorque (NYPD) ser o maior do país o deixa mais tranquilizado.

“Vemos histórias preocupantes. Não sei se mais polícias nas ruas resolveriam a situação, mas talvez devessem estar mais presentes. Não estamos a falar de uma mera perceção de insegurança, porque eu vejo claramente que existem crimes graves diariamente”, destacou.

O que mais preocupa Paulo Pereira, um engenheiro informático de 30 anos, é a questão da insegurança, principalmente nos transportes públicos.

Contou à Lusa que já teve “más experiências dentro do metro”, nomeadamente ao presenciar agressões físicas e ameaças com armas brancas.

“Felizmente, nunca fui eu a vítima. Acho que a solução não está necessariamente em aumentar o número de polícias, porque até há bastantes em Nova Iorque. Mas, se calhar, faz falta um olhar mais atento. Muitas vezes vejo os agentes focados no telemóvel e a ignorar situações de alerta”, relatou.

“Outro aspeto bastante importante para mim é o preço da habitação, principalmente as rendas que são extremamente altas”, acrescentou.

Carolina Rodrigues, uma arquiteta de 26 anos, nunca testemunhou nenhum tipo de crime em Nova Iorque, mas garante que a atenção é redobrada diariamente.

“É uma cidade onde estamos constantemente conscientes do que se passa à nossa volta. Não é um estado de alerta, mas de consciência. Quando cheguei, um amigo americano disse-me para usar o meu bom senso, mas a verdade é que a normalidade de uma portuguesa é diferente da de um nova-iorquino. Tive de ‘aprender a viver’ em Nova Iorque”, admitiu.

Carolina considera ainda que Nova Iorque é o reflexo de uma sociedade repleta de desigualdades económicas e sociais.

“Dizem que piorou depois da pandemia de covid-19. Se, por um lado, é uma cidade onde se vê muito dinheiro, por outro também se vê muita pobreza. Há um problema grave de drogas, muitas pessoas sem casa, e até o próprio sistema escolar é frágil”, observou.

Já Bárbara Silva, uma artista, investigadora e estudante de 26 anos, indicou que o custo de vida, especialmente da habitação, e a falta de acesso a um sistema nacional de saúde são das suas maiores inquietações.

Além disso, também a realidade política do país afeta o seu quotidiano, lamentando “a desinformação alimentada por figuras de poder, inclusive e ruidosamente pelo próprio Presidente”, Donald Trump, assim como a “violência financiada, dentro e fora de fronteiras”, e “o ataque às áreas de investigação científica e das artes”.

“Vivem-se tempos de crise em todas as frentes, tempos que necessitam de reinvenção e reivindicação”, declarou à Lusa.

Os nova-iorquinos estão em contagem decrescente para escolher um novo autarca da cidade mais populosa dos Estados Unidos, numa corrida que opõe o jovem democrata Zohran Mamdani, o experiente Andrew Cuomo, que concorre como independente, e o líder comunitário republicano Curtis Sliwa.

Nenhum dos portugueses ouvidos pela Lusa tem nacionalidade americana e, por isso, não podem votar no sufrágio nova-iorquino.

Porém, Bárbara Silva admitiu que, se pudesse, votaria em Mamdani, líder das sondagens e que poderá tornar-se no primeiro muçulmano e progressista a liderar a maior cidade e capital financeira do país.

“Estou confiante de que será o novo ‘mayor’. Um necessário contraponto à situação política do país”, defendeu.

Paulo Pereira confessou que tem estado bastante atento à corrida eleitoral. Assistiu aos dois debates com os candidatos, mas considera que “nenhum é a escolha acertada para a cidade”.

“Acabará por ser uma escolha entre o menos mau”, disse.

“Cuomo é o candidato que eu colocaria imediatamente de lado, porque tem um passado ligado a crimes sexuais e uma campanha baseada em atacar Mamdani e sem dar a conhecer muito bem o seu plano para a cidade. Sliwa, apesar de determinado em abordar o problema de segurança, acaba por não ter grandes soluções para a habitação”, avaliou.

Já Mamdani “tem um plano para habitação e para a segurança, e é também o candidato que melhor comunica com o eleitorado, mas penso que algumas soluções acabam por ser um pouco utópicas”, observou.

Francisco e Carolina não acompanharam a corrida eleitoral, mas o consultor financeiro teme que uma eventual vitória de Mamdani leve milionários e grandes empresas a abandonarem a cidade devido à sua proposta de “taxar os ricos”.

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