Metade dos migrantes do mundo foi parar à OCDE. Portugal incluído

Os países da OCDE, como Portugal, receberam, nos últimos 25 anos, mais de metade de todos os migrantes internacionais do mundo, avança um relatório hoje divulgado.

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De acordo com o relatório anual da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) “Perspetivas da Migração Internacional 2025”, os 38 Estados-membros acolheram, desde 2000, mais de 50% dos migrantes, ultrapassando, no ano passado, 160 milhões de pessoas.

Deste valor total, um terço vivia nos Estados Unidos.

A análise dos últimos 10 anos mostra que a tendência é de crescimento deste movimento, refere ainda o documento, apontando que a percentagem de estrangeiros nos países da OCDE aumentou de 9,1% para 11,5%.

Muitos destes migrantes acabaram por pedir e adquirir cidadania do país de acolhimento, medida que atingiu, em 2024, “níveis historicamente elevados”.

No ano passado, mais de três milhões de pessoas pediram cidadania de um dos países da organização, com Alemanha e Reino Unido a baterem ambos recordes, adiantam os analistas da OCDE.

No caso da Alemanha, foi concedida, em 2024, cidadania a pelo menos 290 mil residentes estrangeiros, e, no Reino Unido, foi dada a 270 mil pessoas.

O país de origem da maior parte dos migrantes que pediram cidadania é a Índia, com um número recorde de 225 mil pessoas a adquirir a nacionalidade de um Estado da OCDE.

A Síria ocupou o segundo lugar, com 150 mil a adquirir cidadania, o que também constituiu um recorde.

Os migrantes nos países da OCDE estão, na maioria empregados, sendo que, no ano passado, só 10% não trabalhavam.

Os analistas da organização económica referem que a evolução das taxas de emprego e de participação na força de trabalho foi mais favorável entre as mulheres migrantes do que entre os homens, o que resultou “em algumas das menores disparidades de emprego entre homens e mulheres migrantes dos últimos anos”.

Também a chamada migração laboral temporária, ou seja, os que foram para países da OCDE em busca de trabalho sazonal, atingiu, no ano passado, um nível historicamente elevado, refere o relatório.

De acordo com os dados apresentados, foram concedidas cerca de 2,3 milhões de autorizações e permissões de trabalho nos países da OCDE (excluindo a Polónia), um aumento de 26% em relação a 2019.

Em 2024, os países da OCDE receberam mais de 1,8 milhões de estudantes internacionais do ensino superior, menos 13% do que em 2023, o que se deveu sobretudo à diminuição dos fluxos para os quatro principais países recetores: Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Austrália.

Já o número de novos requerentes de asilo na OCDE continuou a aumentar (mais 13%) e atingiu o nível mais elevado alguma vez registado, com 3 milhões de novos pedidos em 2024.

O aumento foi impulsionado pelos Estados Unidos, mas também foram registadas subidas no Canadá e no Reino Unido, enquanto no resto da OCDE o número de pedidos diminuiu.

Esta queda deveu-se a políticas mais restritivas adotadas por vários Estados, como medidas mais rápidas para deportações, menos benefícios dados a refugiados e menor facilidade para reagrupamento familiar, indicam os analistas.

Mesmo para os estudantes internacionais, as políticas de aceitação “estão a ser revistas, com alguns países a restringir os direitos de admissão e pós-estudo”, aponta o relatório, admitindo que alguns Estados da OCDE estão a melhorar as vias de retenção para apoiar a integração no mercado de trabalho.

Também as políticas de integração mostram tendências mistas, com alguns países da OCDE a expandir as estruturas para acolhimento e integração – como Bélgica, Canadá e Alemanha – e outros a restringirem o acesso e aumentaram as obrigações, como Finlândia e Países Baixos.

O documento refere ainda que a diferença salarial entre os migrantes e os trabalhadores nativos diminui em cerca de um terço nos primeiros cinco anos no país de acolhimento e em cerca de metade nos primeiros 10 anos.

Isto deve-se, em parte, à passagem dos migrantes para setores e empresas com salários mais elevados, mas a OCDE apela para a adoção de políticas de eliminação das barreiras à mobilidade profissional, seja através do fornecimento de informações sobre emprego, seja por aconselhamento de carreiras ou pela melhoria de transportes locais e acesso a habitação acessível.

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