Alegados guias intimidam visitantes e assaltam viaturas na vila e serra de Sintra

Um grupo de alegados guias turísticos tem intimidado turistas na estrada de Monserrate, em Sintra, para aceitarem transporte para os monumentos, enquanto as suas viaturas são assaltadas, alarmando visitantes e residentes, mas as autoridades investigam as denúncias.

© D.R.

“Os acontecimentos da semana que passou foram efetivamente muito maus. Induzem as pessoas a estacionar num determinado sítio e, depois, enquanto as levam à Pena ou a algum lado, o resto do gangue fica a assaltar e a levar tudo e as pessoas quando regressam já não têm nada”, contou a presidente da Associação de Proprietários de Quintas na Serra de Sintra (APQSS), Rita de Castro Neto.

Em declarações à Lusa, a também residente denunciou o caso de “um casal mexicano, com três filhos”, que na semana passada viu a sua autocaravana assaltada e ficou, entre outros pertences, sem material informático, que mais tarde seria rastreado no Senegal.

O assédio de operadores turísticos em Sintra tornou-se uma imagem de marca negativa da vila classificada Património Mundial pela UNESCO, seja junto à estação da CP de Sintra ou na envolvente da Quinta da Regaleira.

A falta de estacionamento em áreas como a Fonte da Sabuga, o acesso à estrada da Pena (EN247-3), no Largo do Vítor, ou na estrada para Colares (EN375), junto ao Palácio de Seteais, tem levado à proliferação de ‘tuk-tuk’ ou TVDE (sigla para transporte em veículos descaracterizados a partir de plataformas eletrónicas), que aliciam turistas para os transportarem aos monumentos da serra.

Segundo Rita de Castro Neto, a situação “já decorre há algum tempo, mas tem vindo a agravar-se e o facto de existir muito pouca fiscalização faz com que as pessoas tenham um sentimento de impunidade” e se “apoderem de Sintra”.

“É muito complicado, quer para quem vive, quer para quem visita, porque é uma experiência traumatizante. E para quem vive existe medo, não há paz social hoje em dia em Sintra”, lamentou.

Os incidentes com os alegados guias turísticos, que se fazem passar também por funcionários municipais, envergando coletes como sendo oficiais, têm-se repetido também junto ao hotel da Quinta da Bella Vista, na EN375.

Os relatos, nas redes sociais, referem turistas “importunados pelos ‘guias turísticos'”, automobilistas intimidados para estacionarem e aceitarem “um passeio”, enquanto “os seus comparsas arrombam o carro”, ou hóspedes ameaçados de lhes “partirem a cara” se chamarem a GNR e empurrões a estrangeiros idosos.

“Não sabemos se há falta de fiscalização porque não há meios, ou porque há alguma complacência, pois por vezes vemos as autoridades a abordarem certos indivíduos que andam a comandar o trânsito e dizem-lhes para se irem embora, e com os ‘tuk-tuk’ ou com os TVDE não vemos serem autuados, não vemos uma atuação mais autoritária que permita pôr ordem nas coisas”, comentou a dirigente da APQSS.

Para acabar com a impunidade destes grupos, os proprietários de quintas estão a preparar “cartazes dissuasores” de aviso para “roubos em viaturas”, apelando à denúncia imediata de “qualquer atividade suspeita”, com o contacto da GNR de Sintra, em português e inglês, e está a circular uma carta aberta a pedir às autoridades para atuarem.

Uma fonte oficial da GNR disse à Lusa que existem “processos de investigação” em curso sobre as denúncias destes casos, mas por se tratar de “crimes particulares e alguns deles semipúblicos” dependem de queixa.

“Infelizmente, temos tido dificuldade em ter queixas apresentadas de pessoas porque normalmente são turistas, estrangeiros, não querem estar à espera ou não têm tempo” para participar a ocorrência, explicou.

Embora não exista “um problema de desordem grave”, assegurou que estão “a tomar atenção” e “a apostar em equipas multidisciplinares para resolver o problema, dentro do possível, que é a dificuldade de os levar à justiça sem ter a formalização de queixas”.

Apostando para já numa “presença discreta”, a fonte da GNR admitiu, no entanto, que se venha a “ter que articular entre as duas modalidades, a presença policial e a presença policial em investigação criminal”.

Questionada sobre o assunto, fonte oficial da Câmara de Sintra avançou que, após a publicação das notícias, o presidente da autarquia se “reuniu de imediato com a Polícia Municipal”.

Apesar de não ter “qualquer tipo de relato seja através de munícipes ou operadores turísticos”, os responsáveis municipais asseguraram: “Estamos atentos a uma situação que, a confirmar-se, repudiamos e não pode acontecer”.

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