A plataforma asiática de comércio online Shein afirmou estar a colaborar plenamente com o Ministério Público francês na investigação que envolve a venda de bonecas sexuais com aparência infantil no seu marketplace, noticia o jornal britânico The Guardian. A primeira referência ao caso foi feita pelo diário francês Le Parisien, citado pelo Expresso, que descreveu bonecas com cerca de 80 centímetros, representadas a segurar peluches.
Quentin Ruffat, porta-voz da Shein em França, declarou à imprensa internacional que a empresa está disponível para fornecer às autoridades a lista de clientes que adquiriram esses produtos. Paralelamente, a Shein anunciou a remoção permanente da venda de qualquer tipo de boneca sexual em todas as suas plataformas a nível mundial, assegurando a eliminação de todos os anúncios e imagens associados. O diretor-executivo, Donald Tang, assumiu publicamente a responsabilidade pelo incidente, embora os artigos tenham sido fornecidos por terceiros.
De acordo com a legislação francesa, a distribuição de pornografia infantil através de meios digitais pode ser punida com até sete anos de prisão e uma multa que pode atingir os 100 mil euros. Além disso, o governo francês tem competência para bloquear ou restringir o acesso a plataformas online que disponibilizem conteúdos ilegais, incluindo pornografia infantil, tráfico de droga ou material relacionado com terrorismo.
Segundo o Expresso, a polémica surgiu poucos dias antes da abertura da primeira loja física da Shein em Paris, prevista para esta quarta-feira. O ministro francês da Economia, Finanças e Indústria, Roland Lescure, alertou que a marca poderá ser impedida de operar em território francês caso situações semelhantes se repitam. “Estes objetos horríveis são ilegais”, afirmou à BFM TV.
A nova loja deverá ser inaugurada no sexto piso dos grandes armazéns BHV Marais, mas a decisão desencadeou protestos e levou vários fornecedores a retirar os seus produtos do espaço. Guillaume Alcan, fundador de uma marca de calçado ético, criticou a presença da Shein, declarando ao Le Monde: “Não faz sentido que estes artigos sejam vendidos no mesmo espaço que os nossos.” Também a Disneyland Paris cancelou planos de instalar uma loja temporária de Natal e de participar na decoração das montras, enquanto um banco estatal desistiu das negociações para a aquisição do edifício. Nos últimos dias, trabalhadores do local realizaram greves e manifestações nas ruas.