No requerimento, o partido pede ao Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) informação sobre “quais as rotas e frequências que irão ser canceladas e qual o impacto estimado deste cancelamento, quer em termos de mobilidade de passageiros, turismo, receitas e emprego”, segundo uma nota do CHEGA enviada às redações.
No requerimento, os deputados do CHEGA/Açores querem também saber se o Governo Regional “pondera implementar incentivos, apoios ou medidas de compensação que permitam manter rotas ‘low-cost’ nos Açores” e se vai ser elaborado um plano estratégico de conectividade aérea ‘low cost’ para 2026–2030, “visando garantir previsibilidade, competitividade e resiliência do sistema de transporte aéreo regional”.
Os deputados questionam ainda se vão ser adotadas medidas urgentes “para evitar que a região fique dependente de um número reduzido de operadores, com risco de aumento de preços e redução de opções para residentes e visitantes”.
Citado na nota de imprensa, o líder parlamentar do CHEGA/Açores sustenta que, a confirmar-se a decisão da Ryanair, “é um retrocesso para os Açores” e alerta que os açorianos “deixam de ter escolha quando quiserem sair e entrar na região”.
O setor do turismo também se vai “ressentir com esta decisão”, acrescentou.
José Pacheco, que é também líder regional do CHEGA, defende que os Açores, “enquanto território ultraperiférico e insular, não podem ficar reféns de decisões unilaterais de operadores privados sem uma resposta imediata e estratégica por parte do Governo Regional”.
“Março está quase aí e é preciso saber como fica a nossa conectividade aérea com o resto do mundo”, alertou.
A Ryanair anunciou hoje que vai encerrar todos os voos para os Açores a partir de março de 2026, alegando as elevadas taxas aeroportuárias e “a inação do Governo”, anunciou hoje a companhia aérea de baixo custo.
A Ryanair adiantou “que irá cancelar todos os voos de/para os Açores a partir de 29 de março de 2026, devido às elevadas taxas aeroportuárias (definidas pelo monopólio aeroportuário francês ANA) e à inação do Governo português, que aumentou as taxas de navegação aérea em +120% após a covid e introduziu uma taxa de viagem de dois euros, numa altura em que outros Estados da União Europeia (UE) estão a abolir taxas de viagem para garantir o crescimento de capacidade, que é escasso”.
A ANA – Aeroportos de Portugal, empresa que gere as infraestruturas aeroportuárias em Portugal, é detida pelo grupo francês Vinci.
A companhia argumenta que “infelizmente, o monopólio da ANA não tem qualquer plano para aumentar a conectividade de baixo custo com os Açores”, acrescentando que a ANA “não enfrenta concorrência em Portugal — o que lhe permitiu obter lucros monopolistas, aumentando as taxas aeroportuárias portuguesas sem qualquer penalização — numa altura em que aeroportos concorrentes noutros países da UE estão a reduzir taxas para estimular o crescimento”.
A Ryanair defende que o Governo “deve intervir e garantir” que os aeroportos nacionais — “uma parte crítica da infraestrutura nacional, especialmente numa região insular como os Açores — sirvam para beneficiar o povo português e não um monopólio aeroportuário francês”.
A operadora tinha já ameaçado abandonar as rotas dos Açores, que ligam Lisboa e Porto às ilhas de São Miguel e Terceira, e, em 2023, reduziu o número de voos nestes percursos.