“Estes acordos da vergonha não resolvem nenhum problema, antes agravam-nos”, disse Alberto Núñez Feijóo, numa declaração em Madrid em que defendeu que o partido socialista (PSOE) “se uniu àqueles que têm como objetivo derrotar o Estado”, numa “humilhação completa” do país.
“Espanha perdeu, os independentistas estão a ganhar e o PSOE desapareceu”, acrescentou Feijóo, poucas horas depois de ter sido anunciado o acordo entre o partido socialista e o Juntos pela Catalunha (JxCat), do antigo presidente do governo regional Carles Puigdemont.
Puigdemont vive na Bélgica desde 2017 para escapar à justiça espanhola, depois de ter protagonizado uma declaração unilateral de independência da Catalunha naquele ano, quando era presidente do executivo autonómico, e foi em Bruxelas que o PSOE e o JxCat assinaram e anunciaram hoje o acordo para recondução de Pedro Sánchez como primeiro-ministro.
O líder do PP sublinhou que os socialistas negociaram e fecharam hoje um acordo com “um fugitivo da justiça” e, ainda por cima, “no estrangeiro”, num “processo de capitulação nas costas dos espanhóis e fazendo precisamente o contrário” do que Sánchez tinha prometido na campanha eleitoral.
Feijóo referia-se a uma amnistia para independentistas catalães que Sánchez rejeitava até às eleições de 23 de julho, mas que agora acordou com os partidos da Catalunha.
Os independentistas vão “condicionar a governabilidade da nação espanhola nos próximos meses ou anos” e conseguiram uma amnistia “sem fazerem uma única cedência ou mostrarem o mais mínimo arrependimento”, antes pelo contrário, “mantêm a intenção de continuar a dar golpes no Estado”, afirmou Feijóo, que considerou que o acordo do PSOE com o JxCat admite a negociação de um referendo sobre a independência da Catalunha.
“Os acordos com os independentistas quebram a igualdade dos espanhóis perante a lei”, “convertem delitos em atos legais”, “humilham também o poder judicial” e dão “um novo impulso ao independentismo”, acrescentou.
Feijóo apelou à “reação firme e serena” de todos “os democratas espanhóis” e prometeu contestação “institucional, legal, política e social”.
O PP convocou manifestações contra estes acordos em 52 cidades espanholas no próximo domingo e Feijóo considerou hoje que há “cada vez mais motivos para participar” nestes protestos.
Na sequência das eleições espanholas de 23 de julho, o PSOE negociou acordos com partidos nacionalistas e independentistas catalães, bascos e galegos para conseguir a recondução de Sánchez como primeiro-ministro no parlamento.
Após o acordo hoje anunciado com o JxCat, só falta confirmar um apoio à recondução de Sánchez, o do Partido Nacionalista Basco (PNV, na sigla em castelhano).
Se até 27 de novembro não houver novo primeiro-ministro investido pelo parlamento, Espanha terá de repetir as eleições.