“Sinto-me tão pronto hoje como sei que Sá Carneiro se sentia para ser primeiro-ministro em 1979, e estou tão pronto em dar a minha vida por este país como sei que ele estava”, afirmou o líder do CHEGA no discurso com que encerrou a 6.ª Convenção Nacional.
André Ventura garantiu que se sente pronto para governar e “transformar Portugal” e apelou a “todos os que acreditam” numa vitória que “saiam para votar” e que “ninguém fique em casa”.
“Se não ganharmos nós, entregaremos novamente o poder ao PS em Portugal e isso era o pior que podia acontecer para as gerações que aí virão”, defendeu.
Antes, André Ventura já tinha citado Sá Carneiro: “A frase que nunca esqueceremos, também de Francisco Sá Carneiro, é ‘o que não posso, porque não tenho esse direito, é calar-me sob que pretexto for’, para lutar contra a injustiça”.
No início de um discurso de 50 minutos, o líder do CHEGA saudou a presença de cinco ex-dirigentes de PSD, IL e CDS-PP na convenção, entre os quais o ex-secretário de Estado de Durão Barroso, Henrique de Freitas, Simões de Melo, que foi conselheiro nacional da Iniciativa Liberal e o antigo candidato à presidência do CDS, Miguel Mattos Chaves.
André Ventura assinalou que o CHEGA é um “partido aberto” e constitui uma “nova esperança”, não podendo “fechar a porta” aqueles que apoiam esta força política.
De entre as linhas orientadoras do seu programa eleitoral para as várias áreas, André Ventura prometeu que, em quatro anos, vai recuperar o tempo de serviço dos professores que foi congelado no passado, considerando que o partido tem que “ser essa voz” porque o PS e o PSD deixaram de o ser.
“O compromisso – este é claro e vale ouro ao contrário de Pedro Nuno Santos – em quatro anos o CHEGA recuperará o tempo de serviço dos professores”, comprometeu-se.
O líder do CHEGA disse saber “o que é estar do lado certo e do lado errado”, considerando que o partido tem que “ser essa voz” na defesa dos professores “porque PS e PSD deixaram de ser”.
Voltando a falar na proposta de equiparar as pensões mais baixas ao salário mínimo nacional até 2030, Ventura recusou tratar-se de “uma promessa impossível”.
“Se cortarmos na ideologia de género […], se cortarmos em fundações e observatórios quase todos com o cartão do PS, se cortarmos nas subvenções vitalícias dos políticos, se cortarmos no excesso de cargos políticos, nos 20 mil milhões que a corrupção tira todos os anos, então sim, será possível que não haja um único idoso com uma pensão abaixo do salário mínimo em Portugal”, sustentou.
André Ventura afirmou também que, na próxima legislatura, proporá na Assembleia da República, que os políticos que sejam condenados por corrupção “fiquem impedidos para sempre de exercer cargos públicos”.
O líder do CHEGA quer também que os ex-governantes que tenham “feito negócios” nunca possam vir a trabalhar nessas empresas, agravando, assim o que a lei já prevê.
A lei já estabelece que titulares de cargos com natureza executiva não podem, nos três após o fim do mandato, exercer funções em empresas privadas do setor que tutelavam, impedimento que se aplica quando estiverem em causa as entidades que tenham sido privatizadas, beneficiado de incentivos financeiros ou benefícios fiscais de natureza contratual ou, ainda, aquelas em que tenha havido uma intervenção direita do ex-ministro ou secretário de Estado.
Ventura considerou ainda que a queda do Governo do PS representa “o vírus que se instalou na sociedade portuguesa”, que é o da corrupção, questionando como é que o país “prefere olhar para o lado” ao invés de discutir este problema.
“Nós só estamos em campanha hoje por causa desta corrupção que o PS instalou em Portugal”, acusou.
Afirmando que os membros e apoiantes do CHEGA são chamados de “fascistas e radicais”, Ventura disse que “não havia moderação” num tema: “Eu sou absolutamente radical contra a corrupção e contra o compadrio que tomou conta deste país e com que nós vamos acabar no dia 10 de março”, enfatizou.
André Ventura deixou também o “compromisso solene”, caso governe, de no “dia um” tornar a “fiscalização à subsidiodependência uma realidade em Portugal”.
O líder do CHEGA dirigiu-se depois aos que recebem apoios do Estado e disse que “só terão se precisarem, se não, trabalhem como toda a gente tem de trabalhar”.
André Ventura também acusou o PS de “espezinhar, melindrar e humilhar propositadamente” as forças de segurança e voltou a comprometer-se em “equiparar os suplementos da PSP, GNR e guardas prisionais ao que foi justamente atribuído à Polícia Judiciária”.
“Para politicamente correto já temos o PSD, não precisamos de mais”, declarou.
No final do discurso do líder ouviu-se o hino nacional cantado pelas mais de 1000 mil pessoas que se encontravam no Centro Cultural de Viana do Castelo.
*Com Agência Lusa