“Logo que tomei conhecimento desta notícia, esta manhã, pedi para questionar o deputado Maló de Abreu sobre esta situação, que nos garantiu que a sua residência é efetivamente onde a declarou, uma vez que é deputado fora da Europa” e que “a sua vida e o seu círculo social, pessoal, estão em Luanda”, afirmou.
André Ventura afirmou que, “se descobrir que recebeu abusivamente valores e que a sua residência não era em Luanda e que o seu círculo não era em Luanda”, Maló de Abreu “de certeza que não será” candidato a deputado pelo CHEGA.
“Se houver, e se eu tiver acesso a esses elementos, o mínimo vestígio de abuso ou de fraude, comigo não vão ter duas bitolas. Se isso acontecer, o deputado não estará nas listas do CHEGA, que ainda não foram entregues”, garantiu.
Ventura não especificou, contudo, se a sua avaliação sobre este caso incidirá apenas sobre a legalidade ou se será alargada a uma eventual falha ética por parte de Maló de Abreu, ex-deputado do PSD e atual candidato do CHEGA.
O líder do CHEGA respondia aos jornalistas na Assembleia da República sobre uma notícia da revista Sábado segundo a qual Maló de Abreu (que passou recentemente a deputado não inscrito depois de ter saído do PSD) recebeu cerca de 75 mil euros em subsídios e ajudas de custo por ter declarado residência em Luanda.
A Sábado refere que Maló de Abreu viveu “maioritariamente entre Lisboa e Coimbra” ao longo desta legislatura.
André Ventura sustentou que “qualquer pessoa que beneficie indevidamente de fundos do Estado, tentando ludibriar ou criar fraude à lei, não pode ser candidato pelo CHEGA”.
“Ando há anos a atacar isto, não posso permitir que isto aconteça no meu próprio partido”, apontou, indicando estar “à espera de saber se é verdade ou não” para decidir se Maló de Abreu vai continuar a ser o cabeça de lista do Chega pelo círculo Fora da Europa.
Ainda assim, o presidente do CHEGA indicou que Maló de Abreu lhe transmitiu que “toda a residência efetiva decorre em Luanda” e que “não recebeu nenhum valor indevido e até recebeu menos do que poderia ter recebido”.
Ventura disse também que não perguntou ao deputado quando se deslocou a Luanda pela última vez.
“Perguntei-lhe se isto [a notícia] era verdade e ele transmitiu-me que não. Obviamente o CHEGA fará o seu trabalho e pediu os seus elementos”, afirmou.
Quando foi confrontado com esta notícia, o presidente do CHEGA começou a sua resposta dizendo achar “estranho é o PSD não ter fiscalizado esta situação”.
“Acho estranho que um deputado de um partido como PSD tenha estado alegadamente a receber subsídios indevidos e ninguém tenha visto nada”, acrescentou.