Na passada quarta-feira, dia 21 de fevereiro, indivíduos de etnia cigana saíram aos tiros de uma feira que decorria em Famalicão, ao darem conta que estava a passar uma caravana de campanha do CHEGA, intimidando e pondo em risco a vida dos transeuntes e militantes que aí faziam campanha. Existe, inclusivamente, um vídeo gravado por moradores locais que conseguiu captar esse momento, sendo audíveis os disparos ao mesmo tempo que a caravana passava, Isso mesmo foi relatado às autoridades.
Também no passado dia 18, a GNR de Alcabideche teve que intervir para acalmar a hostilidade de feirantes contra um grupo de militantes e simpatizantes do partido CHEGA durante uma arruada pré-eleitoral em Cascais.
Os incidentes ocorreram logo após a entrada dos membros do partido no recinto da feira, incluindo figuras como o deputado Pedro Pessanha, o Vereador João Rodrigues dos Santos e a deputada na Assembleia Municipal de Cascais, Maria Vieira.
De acordo com um comunicado do partido, os feirantes começaram a hostilizar o grupo sem provocação, dirigindo insultos e cuspidelas, afirmando que aquele era o “território deles” e que não eram bem-vindos. O comunicado também menciona que o presidente do partido, André Ventura, foi alvo de insultos graves, e houve dois casos de agressão física, além de um telemóvel ter sido arrancado das mãos do seu proprietário e atirado ao chão. O comunicado destaca ainda que não houve problemas com membros do Bloco de Esquerda presentes no evento.
Ao mesmo tempo, vários outdoors de campanha do partido têm sido vandalizados um pouco por todo o país. Uns têm sido queimados, outros grafitados, outros ainda pura e simplesmente arrancados dos locais. Uma tenda de campanha foi vandalizada em Palmela, no distrito de Setúbal, e no distrito de Aveiro houve arremesso de ovos aos candidatos.
Estes atos de vandalismo e de violência para com um partido político é algo que nos faz recuar ao tempo do PREC (Processo Revolucionário em Curso), que decorreu entre 25 de abril de 1974 e abril de 1976, onde os confrontos nas ruas, as invasões de sedes partidárias e todo o tipo de atos de vandalismo eram uma prática quase diária.
Recorde-se ainda que em outubro de ano passado, deputados do CHEGA foram agredidos quando se juntaram a uma manifestação pelo direito à habitação, que decorria em Lisboa. Foram recebidos com diversos insultos, ameaças de morte e agredidos com murros, pontapés e arremesso de líquidos, tendo estes episódios sido presenciados pela comunicação social no local.
Nas imagens consegue ver-se o deputado Rui Paulo Sousa a ser agredido com vários socos, enquanto os jornalistas questionavam a comitiva pelos motivos da sua presença naquela manifestação. “Estamos a ser agredidos em plena manifestação”, queixaram-se. “Estamos num país livre. Se acham que somos fascistas é um problema deles, nós somos democratas”, acrescentou Rui Paulo Sousa.
Perante os incidentes, os deputados acabaram por ser escoltados pela polícia, que teve de formar um cordão de segurança para conseguir conter a fúria dos manifestantes de extrema-esquerda que, numa atitude antidemocrática, tentaram silenciar e expulsar a comitiva do CHEGA.
Na altura, o Presidente da República desvalorizou o sucedido com os deputados do CHEGA, referindo que a democracia também é feita de “momentos atritivos” e o Presidente da Assembleia da República falou em “ato de provocação”, levando mesmo o grupo parlamentar do CHEGA a abandonar a bancada. André Ventura acusou Santos Silva com palavras fortes, referindo que “aquele que nos devia representar a todos ficou em silêncio perante ataques de forças políticas extremistas sem respeito pelo pluralismo e pela representatividade democrática”.
Este tipo de incidentes, de hostilidade permanente face a um partido e os seus representantes, consubstanciam um baixo nível de democracia e devem ser tratados pelas autoridades competentes