Assistimos há poucas semanas atrás, ao escândalo das declarações de Donald Trump, relativamente à NATO e aos países que que a compõem, no que diz respeito às decisões que este tomará, caso seja eleito e pela segunda vez, Presidente dos Estados Unidos da América.
Em todo o mundo surgiram logo artigos de opinião, declarações e entrevistas, apelidando Donald Trump de louco e que este, com as declarações que proferiu, estaria a incentivar a invasão da Rússia a países da NATO e por isso, a uma III Guerra Mundial. Mas o que terá passado pela cabeça de Trump? Estas declarações são de um louco? Será que Trump estará a ficar senil ou Trump está apenas a fazer política internacional com a mestria de um mestre?!
Pois é, acredito que muitos analistas de renome tenham percebido a jogada de génio de Donald Trump mas, perante as eleições que se avizinham, ninguém, pago pelo establishment, poderá proferir tal opinião. Porquê? porque, uma vez mais, reforçaria a realidade: Donald Trump é um estratega nato na cena internacional.
Ǫuando Trump disse e reforçou que, se for reeleito para um novo mandato na Casa Branca não vai proteger os aliados que estão aquém das suas obrigações financeiras para com a NATO, Trump envia duas mensagens: uma interna e outra externa. A interna visa passar a ideia que Trump não está disposto a sacrificar recursos financeiros dos norte-americanos, quando a dívida pública do seu país já ultrapassa os insanos 34 triliões de dólares e que, da mesma forma que o aumento recente do tecto da dívida veio com cortes de alguns biliões em áreas fundamentais, os países da NATO têm de fazer os seus sacrifícios para cumprir o assumido na Cimeira de Gales, em 2014, de aumentar, numa década, até 2% do seu PIB em defesa. Actualmente, ainda há 13 dos 31 países que compõem a NATO que não cumprem este princípio, incluindo Portugal, e daí a mensagem externa.
Ainda no âmbito da mensagem externa e tendo em conta as reações advindas, Donald Trump conseguiu ainda passar, de forma subliminar, três aspectos da máxima importância. O primeiro foi, perante a histeria dos dirigentes e países da NATO, reforçar que a NATO sem os EUA não é nada e que os EUA são, de facto, os líderes da aliança e o “cimento” que garante a sua existência. O segundo aspecto é Trump querer o “dever” ao “direito”, isto é, o dever de pagar para o direito de ser protegido. Uma aliança tem de ser boa para todas as partes e todos, na sua escala, devem fazer os esforços necessários para a garantir. No terceiro e último aspecto, a mensagem directa a Vladimir Putin.
Ǫuando Trump diz que encorajaria Putin a invadir um país da NATO, caso este não cumpra as suas obrigações financeiras, o que faz é escárnio em relação a Putin, como que a dizer: o que tu podes ou não fazer apenas acontecerá se eu permitir. Uma vez mais, Trump coloca-se como peça central na geopolítica, afirmando-se como o “líder do mundo livre” e aquele que será o garante de um mundo equilibrado e de paz.
Louco ou Génio, será uma decisão de cada um dos leitores deste artigo, mas uma coisa é certa, Trump nunca fala por falar e tudo aquilo que diz tem objetivos muito concretos e certeiros. Se nos recordarmos dos seus feitos com a Coreia do Norte, percebemos que Trump tem essa capacidade de entrar no mundo dos loucos, falar como os loucos e metê-los na ordem.
Penso que é isso que precisamos de forma desesperada: ordem! Com uma União Europeia amorfa, vazia de identidade, a morrer aos bocados e sob as diretrizes da agenda globalista do politicamente correto, ordem, é de facto, imperial no contexto da cena internacional. Muito em breve a Europa estará também em eleições a escolher os seus representantes, as suas maiorias e daí os pesos das respetivas famílias políticas que, nos próximos cinco anos, definirão que Europa iremos ter: uma Europa de nações, de valores e de coragem ou uma Europa “mais do mesmo”, sem rumo e sem identidade.