Maioria dos sobreviventes de AVC agudo sem acesso a reabilitação intensiva

Investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) concluíram que 70% de sobreviventes de Acidente Vascular Cerebral (AVC) agudo não têm acesso a reabilitação intensiva, num estudo hoje revelado que acompanhou 460 doentes.

© D.R.

 

Em comunicado, o ISPUP esclarece que o estudo “revelou falhas nos cuidados prestados após o evento agudo” dentro do Sistema Nacional de Saúde (SNS).

Liderada por Pedro Maciel Barbosa, no âmbito da sua tese de doutoramento, a investigação avaliou uma ‘coorte’ prospetiva de sobreviventes de AVC, desde o evento agudo até à fase crónica da doença.

“Este é o primeiro estudo internacional que identifica, mede, avalia e compara os custos e os benefícios dos diferentes percursos de reabilitação do sobrevivente de AVC”, esclarece, citado no comunicado, o investigador do ISPUP e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).

O estudo, que envolveu 460 sobreviventes de AVC, concluiu que, após um ano, a qualidade de vida é “significativamente mais baixa do que a da população em geral, independentemente do tipo e gravidade de AVC”.

Paralelamente foi identificada uma discrepância entre as diretrizes de boas práticas e o que acontece na prática ao nível da reabilitação.

Segundo o estudo, “70% dos sobreviventes não têm acesso à reabilitação intensiva, enquanto 80% recebem no máximo cinco sessões de fisioterapia por semana, com menos de 45 minutos cada”.

Mais de metade dos sobreviventes (65%) “não são envolvidos na definição do plano de reabilitação” e 30% “não têm acesso a plano de alta ou transferência entre contextos de cuidados”.

“Estas lacunas nos cuidados pós AVC resultam em níveis inadequados de informação, com 70% da amostra a desconhecer o seu prognóstico funcional no momento da alta hospitalar e a afirmar estar insatisfeita, sobretudo com os cuidados de reabilitação prestados nas unidades de média duração, clínicas comunitárias e equipas domiciliárias”, refere o ISPUP.

O estudo identificou também “uma falta de correspondência em relação às recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS)” relativamente ao modelo de referenciação dos doentes para diferentes tipos de cuidados.

“Este estudo verificou que sobreviventes com perfil de severidade semelhante obtêm resultados diferentes em percursos diferentes”, refere o instituto, destacando que apenas três dos nove itinerários de reabilitação revelaram ser custo-efetivos.

“Ou seja, 66% da rede deve ser revista, de forma a adequar a melhor relação entre qualidade de cuidados, necessidade dos sobreviventes e sustentabilidade futura do SNS”, observa o estudo.

Segundo a investigação, as unidades do setor social da Rede Nacional de Cuidados Continuados, para onde foram referenciados 48% dos sobreviventes, constituem uma “barreira no acesso a cuidados”, uma vez que assentam numa “lógica de pagamento de acordo com os rendimentos”.

Já os percursos com início em unidades de Convalescença e Centros de Reabilitação mostraram ser “os mais rentáveis”, indica a investigação, notando que a passagem numa fase precoce por unidades mais intensivas mostrou “influenciar os resultados ao fim de 12 meses”.

Nesse sentido, o estudo alerta para a necessidade de se melhorarem os cuidados de reabilitação prestados aos sobreviventes de AVC em Portugal, um dos países europeus “com maior potencial para reduzir a incidência e prevalência do AVC nos próximos anos”.

“Se tivéssemos de propor cinco medidas fundamentais de reforma da rede de cuidados de reabilitação, essas passariam por rever a Norma de Orientação da DGS e o processo de referenciação, prolongar a Via Verde além do hospital até os seis meses após AVC através de circuitos dedicados dentro da Rede de Cuidados Continuados”, indica o investigador, que é também fisioterapeuta na Unidade Local de Saúde de Matosinhos.

Pedro Maciel Barbosa recomenda ainda “diminuir o número de itinerários disponíveis definindo 3-4 itinerários para diferentes perfis de AVC, garantir reabilitação intensiva e multiprofissional até 3-6 meses a cerca de 70% dos utentes e aumentar o número e a duração da estadia nas Unidades de Convalescença”.

Últimas do País

O Tribunal Arbitral decidiu definir serviços mínimos para a greve da CP a partir de domingo e até quarta-feira, abrangendo a paralisação marcada pelo Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), ou seja, dos revisores e bilheteiras.
O número de inscritos para votar antecipadamente é o maior de sempre, com 333.347 eleitores a aderirem à modalidade, avançou hoje ministério da Administração Interna (MAI).
A Federação Nacional de Professores (Fenprof) anunciou hoje uma greve às novas provas de monitorização das aprendizagens (ModA) do 4.º e do 6.º anos de escolaridade, que substituem as anteriores provas de aferição.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) vai acionar, na segunda-feira, uma operação de dois dias para garantir a segurança dos peregrinos que se deslocam ao Santuário de Fátima.
Cerca de cinco meses após a entrada em vigor da comparticipação de medicamentos para antigos combatentes, ainda há quem não consiga ter este benefício quando vai à farmácia, uma situação que o ministério diz ser residual.
O Infarmed mandou recolher os lotes de soro fisiológico fabricados pela GSL – Produtos Químicos e Farmacêuticos e suspendeu o fabrico nas instalações desta empresa, em São Domingos de Rana (Cascais), onde foram detetadas irregularidades.
A circulação de comboios está hoje parada devido à greve dos maquinistas da CP – Comboios de Portugal, disse à Lusa uma fonte sindical, apontando uma adesão de 100% dos trabalhadores à paralisação.
O Tribunal Judicial de Leiria condenou hoje um homem a 22 anos de prisão pelo crime de homicídio qualificado da mulher, em maio de 2024, no concelho de Porto de Mós.
Cerca de 1.700 quilogramas de haxixe, lançados ao mar por tripulantes de uma embarcação de alta velocidade, que fugiram, foram hoje apreendidos no Rio Guadiana, numa operação das polícias portuguesas e espanholas, informou a GNR.
O Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ) rejeitou hoje que a greve na CP tenha motivações políticas e responsabilizou o Governo pelo transtorno causado às populações, por não cumprir um acordo negociado.