“Quando chegar ao parlamento esta proposta do IRS, nós vamos transformá-la para ser uma proposta efetiva, com perto de 1.000 milhões de euros de alívio aos contribuintes”, afirmou André Ventura.
O líder do CHEGA falava aos jornalistas durante uma visita à Sagalexpo, certame dedicado à exportação de produtos alimentares portugueses, em Lisboa.
André Ventura disse que o CHEGA vai “procurar que haja diálogo com o PSD e com o PS, que é quem pode formar maiorias, para que haja um alívio bem maior do que aquele que o Governo de Luís Montenegro pretende”.
“Tinham-nos dito que iríamos ter um alívio fiscal de cerca de 1.5 mil milhões de euros, e agora afinal é de 200 milhões”, afirmou, defendendo que existem “condições de que estes 200 se transformem em 1.000 milhões de euros” ainda “no primeiro ano de legislatura”.
O presidente do CHEGA defendeu que “este aumento tem de ser agora, precisamente porque há condições económicas e financeiras como nunca existiram” para proporcionar às famílias “alívio fiscal muito significativo”, apontando que “a carga fiscal está em níveis históricos”.
“Eu acho que é importante, até do ponto vista da paz pública, garantir algumas situações e depois lutar por contas certas. Mas aproveitar esta almofada financeira para resolver alguns problemas”, sustentou.
Ventura considerou que “esta descida que o governo propõe também é uma minudência” e afirmou que “o PS já teve descidas bem mais significativas do que esta e não foi para isso que os portugueses mandaram a direita”.
O presidente do CHEGA disse que ainda não falou com PS e PSD e indicou que o partido tem “mantido um diálogo aberto à liderança da bancada do PSD”.
André Ventura indicou ainda que o CHEGA vai manter o pedido de audição do ministro das Finanças e da secretária de Estado dos Assuntos Fiscais no parlamento.
Questionado sobre a entrevista do antigo primeiro-ministro e líder do PSD Pedro Passos Coelho à rádio Observador, o presidente do CHEGA considerou que “o antigo primeiro-ministro é uma pessoa que tem direito a dar a sua opinião quando entende e era o que faltava que não o fizesse e que não o pudesse fazer”, e que “até se recatou bastante” nos últimos tempos.
André Ventura defendeu que Luís Montenegro “devia ouvir mais Pedro Passos Coelho”, uma das “forças vivas do PSD”, tal “como outros”, que não concretizou.
“Nós temos que deixar de interpretar cada palavra de Pedro Passos Coelho como um ataque à AD ou uma aproximação ao CHEGA. Acho que esta cultura que estamos a criar que se alguém pensa um bocadinho diferente é cancelado ou é atacado brutalmente é uma cultura pouco democrática”.
Ventura assinalou uma “convergência de posições” sobre “uma maioria à direita”, que considerou ser natural, mas sustentou que “esse tempo já passou”.