Orbán considera política de Bruxelas “um fracasso” e apela para “novos líderes”

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, declarou hoje que a política promovida pela Comissão Europeia durante esta legislatura, incluindo iniciativas como o pacto migratório e o pacto verde, foi "um fracasso" e apelou para uma nova liderança comunitária.

©Facebook de Viktor Orbán

“Temos uma liderança da União Europeia (…) que falhou. A atual liderança tem de sair, precisamos de novos líderes”, afirmou Orbán, entre os aplausos do público de uma conferência sobre migrações no Parlamento Europeu na qual participou, juntamente com o ex-primeiro-ministro polaco Mateusz Morawiecki e o ex-diretor executivo da Frontex (Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira) Fabrice Leggeri.

O chefe do Governo húngaro disse também que o pacto migratório “é um erro”, porque não foi unanimemente apoiado pelos Estados-membros e considerou que, por essa razão, “não funcionará”.

Mas foi mais longe e considerou que outras iniciativas prioritárias para Bruxelas nos últimos anos estão também condenadas ao “fracasso”.

“A transição verde é um fracasso, porque vai contra a economia, as empresas e a indústria”, sustentou.

Orbán criticou ainda o mecanismo que condiciona o desembolso dos fundos europeus ao respeito dos princípios do Estado de direito.

“Criaram um sistema de condicionalidade que é um método de chantagem”, defendeu.

Por seu lado, o ex-primeiro-ministro polaco Mateusz Morawiecki rejeitou igualmente o pacto migratório, argumentando que “pode ser a dinamite que fará explodir a Europa”.

“Se for na direção apresentada, não vai funcionar. Haverá enorme turbulência”, vaticinou o político polaco, criticando “a hipocrisia” dos responsáveis que impulsionaram aquele pacote normativo.

Por último, o ex-diretor executivo da Frontex, que agora faz parte da União Nacional (RN), o partido da líder da direita radical francesa, Marine Le Pen, criticou a “falsa narrativa da Comissão Europeia e das organizações não-governamentais (ONG), que dizem que é ilegal impedir a travessia ilegal das fronteiras externas” da União Europeia (UE).

Acusou ainda a presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, e a comissária europeia para os Assuntos Internos, Ylva Johansson, de tentarem adotar políticas que são da competência das autoridades nacionais dos 27 Estados-membros.

A conferência decorreu no dia em que a polícia belga impediu a realização de outro evento ultraconservador europeu em Bruxelas, a “Conferência Nacional do Conservadorismo”.

O evento foi cancelado por ordem do autarca da comuna bruxelense de Saint-Josse-ten-Noode, onde teria lugar, para evitar o risco de “perturbações da ordem pública”.

O primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, considerou hoje “inaceitável” a proibição dessa reunião da direita nacionalista em Bruxelas, classificando-a como um atentado à liberdade de expressão, a poucas semanas das eleições europeias.

“A autonomia comunal é uma pedra angular da nossa democracia, mas nunca pode sobrepor-se à Constituição belga, que garante a liberdade de expressão e de reunião pacífica desde 1830”, sublinhou o governante liberal numa mensagem em inglês, publicada na rede social X (antigo Twitter).

Também o primeiro-ministro britânico, o conservador Rishi Sunak, considerou “extremamente preocupante” a decisão das autoridades de Bruxelas de ordenar hoje o fim de uma reunião da direita nacionalista em que iriam participar várias figuras britânicas, indicou a sua porta-voz.

“Esta informação é extremamente preocupante”, afirmou a porta-voz sobre a suspensão do evento, onde eram nomeadamente esperados o ex-líder do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP) Nigel Farage e a ex-ministra do Interior conservadora Suella Braverman.

Últimas de Política Internacional

A Alemanha e a França sinalizaram hoje que tomaram nota dos mandados de detenção do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o primeiro-ministro israelita e o seu ex-ministro da Defesa, mas sem indicarem se os aplicarão.
O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu hoje mandados de captura para o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, e o chefe do braço militar do Hamas, Mohammed Deif.
A Comissão Europeia adotou hoje um conjunto de diretrizes para melhorar os direitos das pessoas com deficiências e para ajudar na promoção de um estilo de vida independente, com integração nas comunidades.
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros anunciou hoje que a embaixada de Portugal em Kiev encerrou “temporariamente e por alguns dias”, mas salientou que tal já aconteceu por várias vezes durante a guerra da Ucrânia.
A embaixada dos Estados Unidos em Kiev vai encerrar depois de ter sido alertada para um "possível ataque aéreo significativo" contra a Ucrânia, após Moscovo ter ameaçado responder ao uso de mísseis norte-americanos de longo alcance contra território russo.
O parlamento ucraniano aprovou hoje o orçamento para 2025, no qual 60% da despesa (50 mil milhões de euros) serão consagrados à defesa e à segurança nacional, para combater a invasão russa e suas consequências, anunciou o Governo.
O Presidente russo, Vladimir Putin, assinou hoje o decreto que alarga a possibilidade de utilização de armas nucleares, depois de os Estados Unidos terem autorizado Kiev a atacar solo russo com os mísseis de longo alcance.
Os ministros da Agricultura e Pescas da União Europeia (UE) reúnem-se hoje, em Bruxelas, com um primeiro debate sobre as possibilidades de pesca para 2025 na agenda.
O Conselho da UE e o Parlamento Europeu chegaram hoje a acordo para o orçamento de 2025 no valor de quase 192,8 mil milhões de euros em compromissos, 1,78% acima do de 2024, disseram as instituições em comunicados.
O Presidente da Argentina defendeu a formação de “uma aliança de nações livres” que vá além da política, durante uma visita aos Estados Unidos, onde participou num fórum conservador em Mar-a-Lago ao lado do futuro Presidente norte-americano Donald Trump.