“Precisamos de uma investigação clara, credível e transparente”, destacou Dujarric, acrescentando que várias agências da ONU podem ser encarregadas de realizá-la e que em nenhum caso os resultados dessa eventual investigação deveriam ser alvo de um prejulgamento antes de serem conhecidos.
“[Mas também] Precisamos de mais jornalistas com a possibilidade de fazer o seu trabalho em Gaza com segurança e contar os factos”, acrescentou o porta-voz do secretário-geral da ONU, em referência ao bloqueio de informação registado na Faixa de Gaza, onde o Exército israelita só permite a entrada de alguns repórteres incorporados nas suas fileiras.
Pelo menos 310 corpos já foram exumados de várias valas comuns nos pátios do Hospital Nasser em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, de onde as tropas israelitas se retiraram no início de abril, após quatro meses de combates nesta área.
Por sua vez, as valas comuns encontradas no Hospital Al-Shifa continham mais de 200 corpos.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram hoje serem infundadas as acusações feitas pelas autoridades da Faixa de Gaza, enclave palestiniano controlado pelo Hamas, sobre a existência de valas comuns no Hospital Nasser, em Khan Yunis.
“As alegações de que as FDI enterraram corpos de palestinianos são completamente infundadas”, disse o Exército israelita num comunicado em que dá conta, pela primeira vez, da sua versão dos acontecimentos relatados pelas autoridades de Gaza há vários dias.
Segundo as autoridades militares israelitas, citadas pelo The Times of Israel, durante o período em que as FDI estiveram no complexo médico, examinaram os restos mortais de corpos enterrados por palestinianos “como parte dos esforços para localizar os reféns”.
De acordo com o Exército israelita, estas exumações foram “seletivas” e só foram realizadas quando houve informações concretas que indicavam que um dos reféns capturados pelo Hamas no início de outubro poderia estar enterrado na área.
As autoridades de Gaza estimam que cerca de 2.000 pessoas estão desaparecidas na sequência do ataque israelita à unidade hospitalar.
“Não se sabe se foram detidos ou se morreram e se os corpos foram escondidos”, segundo o governo de Gaza.
A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Em represália, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que já provocou mais de 34 mil mortos, de acordo com o Hamas, que controla o território desde 2007.