O procurador especial Robert Hur recomendou – no seu relatório de 388 páginas, divulgado em fevereiro – que Biden, de 81 anos, visse arquivado um caso de retenção ilegal de documentos confidenciais, mas mencionou que se tratava de um processo envolvendo um “homem idoso com falhas de memória”.
Por recomendação do seu procurador-geral federal, Merrick Garland, Biden invocou as suas “prerrogativas como chefe do executivo” para rejeitar este pedido, informou hoje o consultor jurídico da Casa Branca, Ed Siskel, aos líderes republicanos dos comités de Congresso.
“A falta de uma necessidade legítima para solicitar estas gravações de áudio expõe o seu objetivo provável: tirá-las de contexto, distorcê-las e usá-las para fins partidários”, escreveu Ed Siskel, na mensagem enviada aos líderes dos dois comités, Jim Jordan e James Comer.
Garland justificou a sua recomendação de invocar as prerrogativas do executivo, alegando que ceder aos pedidos do Congresso teria “prejudicado a capacidade de conduzir investigações sensíveis no futuro”.
Nomeado em janeiro de 2023 por Garland, o procurador especial concluiu no seu relatório que Joe Biden “manteve e divulgou conscientemente documentos confidenciais após a sua vice-presidência, enquanto era cidadão comum”.
Contudo, no relatório, o procurador argumentou que “uma acusação não se justificava”, acreditando que um júri daria o benefício da dúvida a “um idoso simpático, bem-intencionado e com má memória”.
O procurador reportou, como exemplo, que o presidente, durante um interrogatório, já não se lembrava do ano da morte do seu filho mais velho, Beau.
Os democratas no Congresso criticaram o relatório, dizendo que os comentários eram “gratuitos” e com “motivações políticas”, mas os seus adversários republicanos na Câmara dos Representantes exploraram imediatamente o relatório para defender que Joe Biden era “inapto” para exercer as suas funções de presidente.
Durante uma audiência em março, perante as duas comissões da Câmara dos Representantes, Robert Hur justificou os seus comentários às falhas de memória de Biden.
“Não higienizei a minha explicação, nem denegri injustamente o presidente”, assegurou o procurador.
A nomeação do procurador especial em janeiro de 2023 seguiu-se à descoberta de documentos confidenciais datados da época em que Joe Biden era vice-presidente (2009-2017), nomeadamente sobre o envolvimento militar norte-americano no Afeganistão, na sua residência em Wilmington, no Delaware, bem como num antigo escritório.